Apesar de avanços, ONU adverte que “combate ao Isil está longe do fim”
Relatório do secretário-geral revela que fluxo de combatentes entre Iraque e Síria pode ter parado quase que completamente; grupos afiliados esforçam-se para diversificar renda e tornar-se mais independentes; promotores continuam a usar redes sociais para conquistar adeptos.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
Um relatório do secretário-geral ao Conselho de Segurança destaca que o combate ao grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, está longe do fim.
O informe lido esta quinta-feira pelo secretário-geral assistente do Escritório da ONU Contra o Terrorismo cita sucessos militares significativos nos últimos oito meses. Mas Vladimir Voronkov sublinhou que o grupo continua a ser “um desafio global que requer uma resposta multilateral urgente e concertada”.
Grupos afiliados
O representante declarou que decorre uma “nova fase” do combate ao Isil. Ele acrescentou que mesmo com os fracassos do grupo no campo militar no Iraque, na Síria e no sul das Filipinas, no ano passado os seus afiliados continuam “uma ameaça significativa e em evolução no mundo”.
O relatório revela ainda que o foco atual do Isil “não é somente conquistar e manter-se em territórios”. Os seus membros são forçados a adaptar-se a grupos menores e mais motivados de membros que continuam comprometidos em inspirar e a realizar ataques.
Vladimir Voronkov sublinhou que atualmente a organização do Isil se apresenta como “uma rede global, com uma estrutura pouco hierarquizada e com pouco controlo operacional dos seus afiliados”.
Combatentes
Apesar de dificuldades em definir quantos membros do Isil estão no Iraque e na Síria, a ONU defende que “o fluxo de combatentes entre os dois países pode ter parado quase que completamente”.
Mas o retorno de antigos combatentes e aqueles que se transferem para outras regiões “continuam a representar uma ameaça considerável à segurança internacional”.
A estrutura da máquina global de propaganda do Isil continua a deteriorar-se e os “membros e simpatizantes continuam a usar redes sociais, que incluem tecnologia codificada ou ferramentas de comunicação como a zona da internet que não pode ser codificada para comunicar, coordenar e facilitar ataques”.
Perda de controle
Entre os países com a ameaça potencial de afiliados do grupo estão Líbia, Egito, Mali, Somália, Afeganistão e Filipinas.
O relatório ilustra como foi afetada a habilidade do Isil de gerar renda revelando que o rendimento baixou 90% desde 2015. Entre as razões estariam a perda de controlo sobre campos de gás e de petróleo da Síria.
No entanto, o grupo continua com ações de extorsão em postos de controle e a financiar os seus afiliados que também tentam diversificar a sua renda e tornar-se mais independentes.
Os canais financeiros usados pelos afiliados do Isil para movimentar fundos além-fronteiras estão serviços monetários como casas de câmbio e serviços de envio.