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Crianças continuam a ser as principais vítimas no conflito do Sudão do Sul

Desde o início do conflito, pelo menos 19 mil crianças sul-sudanesas foram recrutadas por grupos armados. Foto: Unicef/Rich

Crianças continuam a ser as principais vítimas no conflito do Sudão do Sul

Fundo lança informe sobre “impacto surpreendente da crise no país africano”; documento destaca privações enfrentadas pelos menores como fome e violência.

Manuel Matola, da ONU News em Nova Iorque.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, considera que as crianças sul-sudanesas têm sido forçadas a aderir ao conflito armado, que iniciou há quase cinco anos, e que são as que mais suportam o peso da guerra civil.

Num informe, o Unicef diz que as crianças são as principais vítimas do conflito, iniciado em dezembro de 2013. Elas continuam a ser alvos de ataques militares, quer nas escolas, hospitais e ou lugares de cultos.

Infância sob ataque

Segundo o documento, “Infância sob ataque: O impacto surpreendente da crise nas crianças do Sudão do Sul”, divulgado esta sexta-feira, os menores sul-sudaneses têm sido mortos tanto devido à sua origem étnica, como por afiliação política de seus familiares ou membros da comunidade.

A nota relata incidentes ocorridos entre dezembro de 2013 e outubro 2017, que afetaram mais de 117 mil crianças. Desde o início do conflito, pelo menos 19 mil crianças foram recrutadas por grupos armados. Mais de 1,2 mil raparigas foram vítimas de violência sexual.

Dificuldade

Mas, o Unicef afirma que esses dados são apenas uma parte do que se passa no terreno. A verdadeira magnitude dessa violência continua desconhecida. A agência diz ser impossível documentar a escala completa das violações e teme que os números reais possam ser muito mais altos.

O Fundo da ONU para a Infância fala de dificuldade no acesso a algumas áreas do país para reportar o impacto do conflito.

O representante da Unicef no Sudão do Sul, Mahimbo Mdoe, citado na nota, considerou que a crise põe em risco o futuro das crianças e do país.

Necessidades

Mdoe disse que “nenhuma criança deve experimentar os horrores e as privações que as sul-sudanesas enfrentam diariamente”.

De acordo com o Unicef, cerca de 900 mil menores sofrem de problema psicossocial.

Em 2018, o Unicef diz que vai precisar de US$ 183 milhões para dar assistência às crianças e mulheres vítimas do conflito que entrará no seu quinto ano.

A Comissão Nacional de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração, e a Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul estão a desenvolver programas que proporcionam apoio psicossocial, meios de subsistência e oportunidades educacionais às crianças sul-sudanesas vítimas de conflito.

Até final de outubro, as agências conseguiram reitegrar 1,9 mil crianças recrutadas por grupos armados.