Cerca de 12 mil crianças rohingya fogem para o Bangladesh por semana
Unicef destaca condições precárias, iminente surto de diarreia e outras doenças transmitidas pela água; cerca de 600 mil refugiados rohingya fugiram do estado de Rakhine, no norte de Mianmar.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, estima que 340 mil crianças rohingya estejam a viver em condições precárias e expostas a doenças transmitidas pela água em acampamentos de Bangladesh.
Esta sexta-feira, a agência lançou o relatório “Excluídas e Desesperadas: crianças refugiadas rohyngya enfrentam um futuro perigoso”, em tradução livre. O estudo revela que nesses locais falta comida, água limpa e cuidados de saúde.
Traumatizadas
A cada semana mais de 12 mil crianças entram para o território bengalês fugidas da violência ou da fome em Mianmar. Muitas vezes, estas apresentam-se traumatizadas devido às atrocidades que testemunharam no seu país.
Desde 25 de agosto, cerca de 600 mil refugiados rohingya já deixaram o estado de Rakhine, no norte de Mianmar, na sequência da operação de forças do Exército e de ataques de insurgentes.
Antes da conferência de doadores de segunda-feira, em Genebra, o Unicef disse precisar de US$ 76 milhões como parte do apelo de US$ 434 milhões lançado pela ONU para beneficiar os refugiados rohingya em seis meses. O pedido foi financiado em 7%.
Emergências
De acordo com o diretor executivo do Unicef, Anthony Lake, as crianças precisam urgentemente de alimentos, água potável, saneamento e vacinas para protegê-las de doenças que se espalham em emergências.
Um possível surto de diarreia e outras doenças transmitidas pela água ameaçam os refugiados rohingya. As crianças compõem quase 60% dos últimos a chegar ao Bangladesh, que estão entre 1,2 mil e 1,8 mil pessoas por dia.
Entretanto, a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, anunciou que milhares de cidadãos vindos do Mianmar foram admitidos na noite de quinta-feira em Bangladesh após terem passado até quatro dias retidos perto da fronteira.
Guardas da fronteira bengalesa confirmaram a passagem de mais de 6,8 mil refugiados pela vila fronteiriça de Anjuman em direção ao distrito de Cox’s Bazar. Outros milhares estariam ainda a caminho do país vindos de Mianmar.
A ação da agência e seus parceiros inclui a oferta de alimentos, água, exames médicos e abrigos temporários.
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