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Enviada da ONU fala de risco de guerra civil no Sudão do Sul

Enviada da ONU fala de risco de guerra civil no Sudão do Sul

Representante pede prioridade do Conselho de Segurança ao país; apela às autoridades de Juba para acabar com incidentes; já assessor para Prevenção do Genocídio fala de confrontos étnicos com alegada ação do exército, oposição, grupos armados não identificados e bandidos.

Ellen Margrethe Loj no informe ao Conselho de Segurança. Foto ONU/JC McIlwaineEleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Sudão do Sul está sob risco de uma possível “guerra civil em grande escala e de sofrer maiores divisões que tornariam impossível uma coesão nacional”.

O alerta foi lançado pela representante especial da ONU para o país, Ellen Margrethe Loj num informe apresentado esta quinta-feira ao Conselho de Segurança.

Prioridade

O pedido aos 15 Estados-membros do órgão é que estes continuem a priorizar o país e que considerem o futuro do seu povo na tomada de qualquer decisão. Loj falou de seguida à Rádio ONU e justificou  a insistência ao Conselho.

A enviada destacou que é o povo do Sudão do Sul que sofre num caminho tumultuado adiante, uma situação difícil e muitos recuos mas que justifica que se continue a tentar  pensando em homens e mulheres do Sudão do Sul.

Loj sublinhou que a atual situação é resultado do agravamento da situação da economia e de um conflito cada vez mais fragmentado e marcado por confrontos étnicos.

Os combates no mais novo país do mundo iniciaram em 2013, na sequência de uma disputa política entre o presidente Salva Kiir e o então vice-presidente Riek Machar.

Incidentes

A também chefe da Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, apelou a mais esforços do governo de transição para acabar com incidentes de segurança que “contribuem para um ambiente de instabilidade e violência.”

Loj disse que as armas devem ser silenciadas para evitar o agravamento do sofrimento do povo.

Quanto à comunidade internacional, a responsável destacou que “deve-se fazer mais para deter o aumento de conflitos localizados, da retórica da intolerância étnica e do incitamento à violência.”

Divisões

Na sessão também discursou o conselheiro especial da ONU sobre a Prevenção do Genocídio que reiterou o seu receio de que as divisões étnicas levem a massacres.

Adama Dieng falou da sua presença no mais novo país do mundo na semana passada com objetivo de avaliar a situação e entender as razões por detrás da violência alimentada por divisões étnicas.

O assessor expressou choque “com o que viu e ouviu no Sudão do Sul, que confirmou as preocupações de um forte risco de aumento da violência étnica com potencial de levar a genocídio”.

Como destacou, nessas ações estariam envolvidos o Exército Popular de Libertação do Sudão, Spla, no poder, o Spla na oposição, outros grupos armados não identificados e bandidos.

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