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Ban quer “paz acima da política” no Sudão do Sul

Encontro de Ban Ki-moon e o Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir. Foto: ONU/Eskinder Debebe

Ban quer “paz acima da política” no Sudão do Sul

Apelo foi feito aos líderes do país no fim da visita de dois dias; chefe da ONU destacou que cumprir acordo de paz não é opção mas obrigação; país teve garantia de US$ 21 milhões para assistência humanitária urgente.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A visita do secretário-geral das Nações Unidas ao continente africano terminou esta quinta-feira no Sudão do Sul, com um apelo aos políticos do país para que ponham fim ao conflito.

Ban Ki-moon falou a jornalistas no aeroporto de Juba, antes de deixar a mais nova nação do mundo.

Compromisso

O chefe da ONU disse que a sua mensagem aos líderes sul-sudaneses era clara: que coloquem a paz acima da política, alcancem um compromisso, ultrapassem obstáculos e criem o governo de transição de unidade nacional sem demora.

Na quarta visita à capital sul-sudanesa, Ban disse que manteve contacto com o presidente Salva Kiir e falou ao telefone com o líder rebelde Riek Machar.

Guerra Civil

Ele lembrou que esteve no Sudão do Sul pela primeira vez quando foi declarada a independência em 2011, após uma longa guerra civil. Mas destacou o conflito dos últimos dois anos entre o governo e a oposição.

Para Ban, o pesadelo retornou com "vingança, mortes, estupros, crianças forçadas a tornar-se soldados, enormes violações dos direitos humanos e corrupção épica".  O secretário-geral mencionou cerca de 2 milhões de pessoas forçadas a deixar as suas casas e 200 mil protegidos em instalações da ONU.

O chefe da ONU declarou que apesar do sentimento de orgulho porque os locais foram abertos para dar guarida e salvaram milhares de vidas, todas as partes devem respeitar esses locais de proteção.

Crime de Guerra

Ban advertiu que os ataques a civis ou forças de paz no interior das instalações da ONU "podem ser considerados crime de guerra." Para ele, esses campos não são uma solução a longo prazo e nem a assistência humanitária substitui soluções politicas.

Ele apelou ao governo a garantir a proteção às populações e a respeitar os termos do acordo de paz assinado em agosto, não como uma opção mas como obrigação.

Assistência Humanitária

Na visita, o secretário-geral anunciou que serão alocados  US$ 21 milhões do Fundo Central de Resposta de Emergência das Nações Unidas para prestar assistência humanitária urgente aos necessitados no Sudão do Sul.

Ban destacou que o conflito prolongado e o agravamento da insegurança alimentar resultaram na necessidade urgente de ajuda essencial.

O chefe da ONU disse que é vital a assistência atempada porque o tempo perdido poderá resultar em vidas perdidas. Os fundos devem fornecer proteção e socorro às pessoas atingidas pelo conflito quando é mais necessária.

Cerca de US$ 15 milhões do valor vão ajudar mais de 250 mil  afetados pelo conflito, muitos dos quais a viver em áreas que só podem ser alcançadas por via rodoviária.

O Plano de Resposta Humanitária do Sudão do Sul, orçado em cerca de 1,3 milhões, recebeu apenas de 3% do valor. Em 2016, mais de 5 milhões de sul-sudaneses precisam de ajuda.

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