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Políticos "não aceitam que existe de facto uma crise" na Guiné-Bissau

Ismael Martins. Foto: ONU/Mark Garten

Políticos "não aceitam que existe de facto uma crise" na Guiné-Bissau

Membros da delegação do Conselho de Segurança visitaram esta segunda-feira o país da África Ocidental; embaixador angolano recomenda esforço e cedências para permitir avanços.

Eleutério Guevane,  da Rádio ONU em Nova Iorque.

Uma delegação do Conselho de Segurança das Nações Unidas concluiu haver necessidade de se fazer cedências para o fim do impasse político na Guiné-Bissau.

As declarações foram feitas esta segunda-feira à Rádio ONU pelo embaixador de Angola junto às Nações Unidas, no fim de uma visita de algumas horas ao país.

Impunidade

Ismael Martins assumiu a presidência do órgão em março e disse que após vários contactos foi constado que é preciso o fim da impunidade e o respeito a leis e normas por parte de partidos. O pronunciamento foi feito na capital senegalesa Dacar, antes do embarque de regresso a Nova Iorque.

"Acho que a viagem foi útil aos membros do Conselho. Conseguimos, mesmo em curto tempo, ter encontros com as entidades principais e com  partidos como o Paigc, o PRS e estivemos na Assembleia Nacional com o presidente, dois vice-presidentes e com o presidente da República já no fim."

O representante declarou que passados vários meses a população demonstra "maturidade" apesar de "estar a ficar impaciente" com a situação política.

Entendimento

"No fundo foi para que todos nos apresentassem o que veem como a principal causa desta crise, se bem que eles não aceitam que existe de facto uma crise. Nós ficamos com impressão de que sim, é possível encontrar um entendimento com maior esforço por parte todos. É um Give and take para se tentar encontrar uma forma de o país viver."

Para o diplomata angolano, a outra prioridade é manter em território guineense a força da Ecomib, a missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental de manutenção da paz na Guiné-Bissau.

Martins destacou o contributo da missão regional para criar condições para a dignidade na reforma das forças de segurança e "evitar situações vividas nos outros anos". O país tem um historial de golpes de Estado e de violência política.

O diplomata disse haver a necessidade de adaptar as tarefas do Escritório da ONU de Estabilização da Guiné-Bissau, Uniogbis,  ao cenário atual. Este março, a operação iniciou um novo mandato de um ano no país.