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TPI cita "imensas provas" do primeiro caso de destruição de monumentos

Património Cultural de Timbuktu, no Mali. Foto: Unesco/F. Bandarin

TPI cita "imensas provas" do primeiro caso de destruição de monumentos

Órgão iniciou audiências para confirmar acusações contra Ahmad al Faqi al Mahdi; Procuradora-chefe defende terem ocorrido os crimes mais graves associados à destruição de monumentos históricos insubstituíveis em Timbuktu.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A procuradora-chefe do Tribunal Penal Internacional, TPI, disse haver imensas provas contra Ahmad Al Faqi Al Mahdi, indiciado por destruir santuários, túmulos e uma mesquita do Património Mundial da Unesco em Timbuktu, no Mali.

Na audiência sobre a confirmação das acusações ao réu, Fatou Bensouda declarou esta terça-feira que durante o processo será provado que o acusado "abraçou um plano comum para atacar sítios, edifícios e monumentos".

Invasão

Em Haia, Bensouda chamou Al Mahdi de um "líder pró-ativo e determinado" que controlou ataques na sua qualidade de chefe da brigada Hisbah. Ele é acusado de participar fisicamente na invasão e no derrube dos locais.

No primeiro caso julgado pelo TPI pela destruição de monumentos,  Al Mahdi, de etnia Tuaregue, é acusado de ser membro do grupo Ansar Dine, com ligações à Al Qaeda.

Bensouda disse que as acusações envolvem crimes que são "os mais graves relacionados à destruição de monumentos históricos insubstituíveis".

Dignidade

De acordo com o tribunal, o réu está associado à liderança de ações contra 10 antigos edifícios de tijolos de barro entre em junho e julho de 2012.

As denúncias estão ligadas ao "ataque cruel à dignidade e identidade de populações inteiras e as suas raízes religiosas e históricas". A procuradora disse que os habitantes do norte do Mali são as principais vítimas das ações e "merecem que seja feita a justiça".

Um dos locais profanados foi a mesquita Sidi Yahya, que foi construída em 1440 quando Timbuktu  era um centro regional de aprendizagem. O edifício continha o mausoléu do seu fundador, clérigo e professor cujo nome foi dado ao local.

Estima-se que 4 mil manuscritos antigos tenham sido perdidos, roubados ou queimados por milícias islamitas na área maliana. Os insurgentes foram obrigados a deixar Timbuktu em 2013 com a intervenção de forças francesas.

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