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Burundi disse ao Conselho de Segurança que não quer envio de força africana

Delegação do Conselho de Segurança na chegada a Bujumbura, capital do Burundi. Foto: Unic Bujumbura

Burundi disse ao Conselho de Segurança que não quer envio de força africana

Angola integra delegação do órgão que este sábado discute a segurança no país na sede da União Africana; grupo inclui diplomatas dos Estados Unidos e da França e encontrou-se com o presidente burundês nas vésperas da reunião.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O embaixador de Angola junto às Nações Unidas disse à Rádio ONU que o líder do Burundi  "não pensa que, neste momento, o envio de uma força africana seja uma melhor solução" para o fim da violência.

Ismael Martins encontrou-se esta sexta-feira com Pierre Nkurunziza juntamente com a embaixadora norte-americana Samantha Power e o vice-embaixador francês, Alexis Lamek. O grupo representou o Conselho de Segurança.

União Africana

Os encontros de Bujumbura foram para encorajar todas as partes a continuar o processo de diálogo inclusivo para o fim de meses de turbulência política. Este sábado, o grupo reúne-se com o Conselho de Paz e Segurança da União Africana na capital etíope, Adis Abeba.

"Vamos, naturalmente, abordar a proposta da União Africana sobre o envio desta força e vamos ver como aproximar as posições: aquela que é tomada pelo governo do Burundi e a proposta da União Africana que ainda está a ser analisada. O governo do Burundi já respondeu a esta proposta no sentido de se iniciarem negociações para ver qual é a forma mais adequada."

Reconciliação

A proposta do envio de uma força africana ao Burundi foi tema dos encontros que decorreram na capital burundesa.

As reuniões também envolveram o ministro dos Negócios Estrangeiros, o presidente da Assembleia Nacional e representantes dos partidos políticos, da sociedade civil e da Comissão da Verdade e Reconciliação.

"Sobre a força africana, o Burundi tem uma posição. Não é favorável ao envio da força africana. Não é. O que é sim favorável é ao reforço do diálogo com ações concretas para que, através dele, se possa assistir a uma baixa da tensão que neste momento ainda prevalece."

Saída

Além da situação de segurança, a delegação do Conselho avaliou a proposta de mediação da Comunidade da África Oriental que é liderada pelo presidente Yoweri Museveni do Uganda.

O embaixador angolano disse que as próximas sessões do diálogo entre burundeses podem decorrer em Arusha, na Tanzânia. O representante abordou a forma de participação de observadores africanos concordada pelo Burundi.

"Será num ponto de vista de apoio e acompanhamento dos burundeses para umaa saída da crise o mais rapidamente possível. A nível do Conselho, nós iremos também analisar a questão das ações que estão a ser levadas a cabo pelo Ruanda, no tocante ao apoio a grupos da oposição que se manifestam a nível do Burundi. A nível do Conselho vamos analisar e fazer as recomendações necessárias para que cesse esta ação."

Violência

De acordo com as Nações Unidas mais de 400 pessoas teriam morrido desde o eclodir da violência em finais de abril passado no Burundi.

Cerca de 220 mil burundeses procuraram refúgio em países vizinhos e outros milhares foram obrigados a viver como deslocados no país.

A crise política teve início há oito meses quando o presidente Nkurunziza decidiu concorrer para um terceiro mandato presidencial.

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