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Níger acolhe recorde de refugiados malianos desde 2012

O fluxo para o Níger não foi interrompido desde a assinatura do Acordo de Argel para a paz no Mali. Foto: ONU/Marco Dormino

Níger acolhe recorde de refugiados malianos desde 2012

Pelo menos 54 mil cidadãos do Mali procuram abrigo no país; Acnur preocupado porque fim do conflito não interrompeu o fluxo de pessoas; razões incluem insegurança, falta de alimentos e rivalidade entre tribos.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

O número de refugiados malianos no Níger atingiu o número mais alto desde o início do conflito em 2012. No início de novembro, 54 mil pessoas procuravam abrigo no país e outros 3 mil cidadãos do Mali continuam a aguardar registo.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur,  revelou que cerca de 50 mil pessoas estavam em território nigerino no auge da guerra civil de 2012 e 2013, antes da derrota dos rebeldes pelas tropas francesas e malianas.

Zonas Rurais

O principal motivo da fuga é a insegurança persistente em zonas rurais, de acordo com a agência da ONU.

Depois das eleições presidenciais em 2013, o Acnur apoiou o repatriamento de cerca de 7 mil malianos. Pelo menos 47,449 malianos residentes no Níger foram registados desde o início deste ano.

O Acnur disse estar preocupado porque o fluxo para o Níger não foi interrompido desde a assinatura do Acordo de Argel para a paz no Mali.

O facto coloca pressão sobre as operações da agência da ONU no país de acolhimento, onde as pessoas também chegam devido a fatores como ilegalidade, extorsão, escassez de alimentos e rivalidade entre tribos.

Vazio de Poder

O outro fator são os combates entre pastores e agricultores e o vazio de poder com a ausência de instituições do governo e de uma forte presença militar no leste.

A maioria dos recém-chegados é originária das áreas rurais de Menaka e Anderaboukane e chegam à região nigerina de Inates, onde recentemente entraram mais de 2 mil malianos por dia.

Perigo

Nas áreas abandonadas, as pessoas sofrem o impacto da insegurança alimentar. Para a população que depende da pecuária o acesso às terras de pastagem é limitado e coloca em perigo os seus meios de subsistência.

Até outubro, o Acnur disse ter facilitado o repatriamento voluntário de 953 refugiados malianos.

*Apresentação: Alexandre Soares.

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