Unicef pede a Europa que transforme compromisso em ação
Chefe do escritório para o Oriente Médio e norte da África disse que as crianças na Síria estão “vivendo num inferno”; Peter Salama afirmou que as condições estão piorando a cada dia no país.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, pediu aos líderes europeus que transformem as novas promessas feitas a migrantes e refugiados em ação imediata para as crianças.
O chefe do escritório do Unicef para o Oriente Médio e norte da África, Peter Salama, afirmou que as crianças representam 25% das pessoas que estão buscando asilo na Europa neste ano.
Inferno
Salama disse que as crianças na Síria estão “vivendo no meio de um inferno” e que as condições estão piorando a cada dia no país.
Segundo o Unicef, de janeiro a junho, 106 mil menores buscaram asilo na União Europeia, a maioria da Síria, do Iraque e do Afeganistão. Isso representa um aumento de quase 75% em relação ao ano passado.
Entre as ações urgentes que devem ser adotadas pelos líderes europeus a agência da ONU cita que as famílias de migrantes e refugiados devem ser mantidas unidas.
Devem ser criados programas de reunificação para unir crianças que estejam viajando sozinhas ou tenham se perdido dos pais durante a viagem.
Apoio
O Unicef menciona também apoio jurídico e financeiro e a criação de locais próprios para receber crianças, com serviços de saúde, educação e entretenimento disponíveis para facilitar o processo de adaptação.
A agência pede aos líderes europeus que continuem com os esforços para combater as ações de contrabandistas. As autoridades dizem que todas as crianças, mas especialmente as desacompanhadas, estão vulneráveis à exploração, violência e abusos.
Educação
Nesta quinta-feira, o enviado especial da ONU para Educação Global, Gordon Brown chamou a atenção para 2 milhões de crianças sírias refugiadas na Jordânia, na Turquia e no Líbano.
Segundo Brown, “muitas delas estão vivendo nas ruas, numa crise que alcançou agora proporções bíblicas”.
Ele afirmou que US$ 250 milhões, o equivalente a R$ 950 milhões, são suficientes para colocar 1 milhão de crianças refugiadas de volta nas escolas até o fim deste mês.
O ex-primeiro-ministro britânico disse que “a educação tradicional acabou passando despercebida porque a ajuda humanitária segue direto para água e comida e a ajuda para desenvolvimento não tem um plano de emergência”.
Brown explicou que de acordo com o plano, no Líbano, por exemplo, as crianças libanesas iriam para a escola na parte da manhã e as crianças sírias usariam as mesmas salas de aula no turno da tarde.
O enviado da ONU declarou que “a um custo de US$ 10 por semana por aluno”, será possível fornecer uma educação que irá preparar as crianças refugiadas da Síria para o futuro.
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