Governo do Sudão do Sul pode assinar compromisso de paz esta quarta-feira
Unmiss pede que sejam colocados interesses do povo acima de "ambições pessoais"; chefe da operação de paz disse que pacto inclui uma série de tarefas que carecem de recursos para executar.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A chefe da Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, disse que foi convocada uma mini-cimeira para esta quarta-feira, onde se espera que o governo do país assine o acordo de compromisso de paz.
Num informe ao Conselho de Segurança, a também representante do secretário-geral na mais nova nação do mundo não revelou detalhes, mas declarou haver várias funções que devem requerer o apoio da operação de paz.
Mediação
Ellen Loej disse que o pacto inclui várias tarefas importantes para a Unmiss e lembrou que são necessários recursos.
No dia 17 de agosto, o acordo foi assinado pelo líder rebelde Riek Machar e o grupo de antigos detidos, num processo mediado pela Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento, Igad.
Reservas
No evento realizado na capital etíope, Adis Abeba, o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, manifestou “algumas reservas” em relação ao documento.
Nessa altura, o secretário-geral disse esperar que em até 15 dias o presidente sul-sudanês pudesse assinar o acordo que visa pôr fim ao conflito de 20 meses.
Na reunião do Conselho discursou também o subsecretário-geral para Assistência Humanitária, que afirmou que a situação continua a piorar.
Refúgio
Stephen O’Brian disse que as instalações da Unmiss albergam 200 mil pessoas que fugiram das suas casas, 79 mil a mais que os residentes dos últimos quatro meses. Ele acrescentou que a insegurança alimentar grave afeta 4,6 milhões de sul-sudaneses este ano.
O país registou um aumento de 200 mil deslocados devido ao conflito, que fez subir o total para mais de 2,2 milhões. Destas, 616 mil estão refugiadas nos países vizinhos.
Cuidado
No Conselho, Loej disse que ao se orientar a operação de paz a assumir as várias funções do acordo deve-se ter o cuidado de "não desviar os recursos" de tarefas essenciais, particularmente a proteção dos civis.
Após saudar a assinatura do pacto pelo governo, Loej reiterou o seu apelo aos líderes do Sudão do Sul para que "coloquem os interesses do povo acima de ambições pessoais" e para que "implementem o acordo de paz de boa-fé".
Primeiro Passo
A chefe da Unmiss disse que será feito tudo o que for possível para apoiar a implementação, mas lembrou ao Conselho que apesar de ser muito importante, o acordo é apenas "um primeiro passo".
A representante reiterou que a paz, a estabilidade e a prosperidade não virão para o Sudão do Sul numa noite, num processo que exigirá um esforço concertado e contínuo dos intervenientes nacionais e parceiros internacionais.