Mais de 400 casos de abusos em Darfur não foram investigados
Relatório do Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas cita assassinatos e violações sexuais; alto comissário diz que região sudanesa enfrenta “impunidade endêmica”.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
Um relatório do Escritório de Direitos Humanos da ONU revela que “sérias violações e abusos” ocorreram em Darfur no ano passado. A região que fica no oeste do Sudão foi palco de centenas de assassinatos e casos de violência sexual.
O documento foi divulgado nesta sexta-feira, baseado em informações da Missão Conjunta da ONU e União Africana em Darfur, Unamid. A missão documentou 411 casos, cometidos por todos os lados em conflito. A maioria sequer foi investigada ou resultou em prisões.
Sem Investigação
Deste total, 127 eram casos de violência sexual. O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos declarou que o relatório mostra uma “falha sistêmica ou recusa das autoridades sudanesas em levar à sério as violações”.
Zeid Al Hussein lamenta que as vítimas não receberam justiça ou tratamento para o mal que sofreram. Em sua avaliação, a falta de investigação demonstra que oficiais do Estado “sentem que estão acima da lei”.
Bombardeios
Ele pede às autoridades que “ponham um fim à impunidade endêmica em Darfur”. Segundo o relatório, policiais sudaneses e membros das forças de segurança estavam envolvidos em ataques contra civis, incluindo assassinatos, tiroteios, raptos, roubos e extorsão.
A investigação destaca também outras violações cometidas por todos os lados em conflito em Darfur, como bombardeios aéreos em regiões com civis, incêndios em vilarejos e destruição de propriedade.
Zeid Al Hussein pede ao governo do Sudão e aos grupos armados da oposição para levarem o relatório à sério e priorizarem a luta contra a impunidade.