OMS: 23% das instalações de saúde no Iêmen foram afetadas pela violência
Dos US$ 151 milhões necessários para atender as necessidades de saúde dos deslocados internos no país até o fim de 2015, apenas US$ 23 milhões foram recebidos; relator especial sobre o direito à alimentação alertou para a iminência de uma "grande crise alimentar" no Iêmen.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.
O sistema de saúde no Iêmen continua a interromper suas operações, deixando civis sem acesso a cuidados essenciais. A informação é da Organização Mundial da Saúde, OMS.
Segundo a agência da ONU, quase 23% de todas as instalações de saúde no país estão atualmente inoperantes ou funcionando parcialmente como resultado direto da violência em curso. Outras instalações continuariam fechando a cada semana.
Profissionais de Saúde
Falando a jornalistas nesta terça-feira em Genebra, o porta-voz da agência afirmou que 15,2 milhões de pessoas, incluindo 1,2 milhão de deslocados internos, estão precisando de assistência vital de saúde no Iêmen.
Tarik Jasarevic destacou a “saída de profissionais de saúde que estão fugindo da violência, levando à escassez de profissionais qualificados” na área. Ele mencionou lacunas na prestação de cuidados de saúde primária, cirúrgicos e de obstetrícia.
Assistência à Saúde
Em meio a déficits de financiamento e desafios relacionados ao acesso, a OMS tem apoiado o Ministério da Saúde e a parceiros com mais de 181 toneladas de medicamentos e itens médicos para mais de 3 milhões de pessoas.
A agência também treinou e enviou mais de 50 equipes médicas móveis e 20 fixas para 11 províncias.
A OMS também forneceu mais de 745 mil litros de combustível para apoiar as operações de 72 instalações de saúde, incluindo hospitais, depósitos de vacinas e centros de diálise.
Vacinas
A agência e parceiros apoiaram o tratamento de mais de 21 mil casos cirúrgicos e de trauma no país. Este número é uma estimativa e pode ser maior.
Para reduzir os riscos de doenças transmissíveis pela água, a OMS forneceu água potável, materiais de higiene e de limpeza para deslocados internos em todas as províncias afetadas.
A agência e parceiros também vacinaram quase 1,2 milhão de crianças entre zero e 15 anos contra o sarampo e a pólio.
Financiamento
Segundo a OMS, enquanto as necessidades de saúde continuam a crescer, o financiamento para a resposta na área permanece limitado.
Dos US$ 151 milhões necessários para atender as necessidades de saúde dos deslocados internos no Iêmen até o fim de 2015, apenas US$ 23 milhões foram recebidos. Isto representa um déficit de 85% no financiamento.
A agência afirma que se não receber recursos necessários nos próximos meses, uma série de serviços essenciais à saúde serão obrigados a fechar.
Comida
Também nesta terça-feira, o relator especial das Nações Unidas sobre o direito à alimentação alertou para a iminência de uma "grande crise alimentar" no Iêmen.
Em nota, Hilal Elver disse que à medida que o conflito aumenta, mais de 12,9 milhões de pessoas sobrevivem sem acesso adequado a alimentos básicos. Cerca de 6 milhões enfrentam insegurança alimentar grave.
A grande preocupação do especialista é com o que considera uma "situação humanitária calamitosa". Segundo ele, se o conflito continuar no nível atual, "1,2 milhão de crianças devem sofrer de desnutrição aguda nas próximas semanas". O problema já afeta 850 mil menores.
O relator pediu uma nova pausa humanitária. Na nota, ele também alertou que a fome deliberada imposta a civis tanto em conflitos armados internos como internacionais pode constituir um crime de guerra.
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