Zeid: julgamento de Hissène Habré é um marco para justiça na África
Alto comissário de Direitos Humanos afirmou que ex-presidente do Chade vai ser julgado pelos abusos cometidos durante seu governo; o representante da ONU disse que isso mostra que líderes mundiais acusados de crimes sérios não devem achar que podem escapar da justiça.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Zeid Al Hussein, afirmou esta segunda-feira que o início do julgamento do ex-presidente do Chade, Hissène Habré, representa um marco para justiça na África.
Segundo Zeid, o processo perante a Câmara Africana Extraordinária, que é um tribunal especial criado no Senegal, tem um enorme significado de várias formas.
Luta Incansável
O chefe de direitos humanos disse que “o julgamento só foi possível por causa da luta incansável das vítimas por justiça e prestação de contas pelas graves violações cometidas durante os oito anos de governo de Habré, ocorridos há mais de 25 anos.
O ex-presidente do Chade buscou refúgio no Senegal e Zeid declarou que “o julgamento mostra aos líderes mundiais acusados de cometerem crimes sérios que eles não devem achar que podem escapar da justiça para sempre”.
Acordo
O representante da ONU deixou claro que “atualmente, há uma grande chance deles serem processados pelos crimes que cometeram”.
Em agosto de 2012, foi firmado um acordo entre o Senegal e a União Africana para criar a Câmara Africana Extraordinária dentro do sistema judiciário senegalês.
O documento autoriza o julgamento de alegados responsáveis por crimes internacionais cometidos no Chade entre 1982 e 1990, incluindo tortura, genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade.
Zeid disse que o acordo entre o Senegal e a União Africana “é um exemplo histórico de liderança regional e disposição para combater a impunidade contra crimes internacionais”.