Unicef faz novo apelo por libertação de crianças sul-sudanesas
Grupo foi raptado há duas semanas por homens armados num vilarejo ao sul do país; Unicef acredita que centenas de crianças podem estar a ser forçadas a lutar no conflito, numa ação de uma milícia aliada ao Spla.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, acredita que centenas de menores possam ter sido raptados no Sudão do Sul e forçados a atuar como crianças-soldado.
Na semana passada, o Unicef havia relatado o sequestro de 89 crianças, que foram pegas por homens armados num vilarejo no sul do país. Mas a agência acredita agora que o número possa ser bem maior.
Milícia
Após receber informações do terreno, o Unicef está “confiante que a milícia Shilluk, controlada por Johnson Oloni”, é a responsável por levar as crianças. Segundo a agência, a milícia é aliada às forças governamentais do Exército de Libertação do Povo do Sudão, Spla.
Em conversas com membros do Spla em Melut, foi confirmado que o recrutamento forçado de crianças realmente ocorreu. Mas o Spla informou que a milícia de Johson Oloni está fora do seu controlo. Testemunhas relataram que as crianças foram vistas num campo próximo a Wau Shilluk e em Melut, com menores de até 12 anos a carregar armas.
Influência
O Unicef apela a Johnson Oloni a libertar os menores e permitir que possam voltar à escola e às suas famílias. Ao governo sul-sudanês, a agência pede que use toda a sua influência para garantir a libertação imediata dos menores.
No que revela ter sido um “exercício intensivo na busca de informações, tanto em Juba quanto no Estado do Alto Nilo”, o Unicef e parceiros tentaram descobrir o que ocorreu durante o ataque e a localização das crianças. Um relatório formal da ONU sobre graves violações dos direitos das crianças está a ser preparado.
Dificuldades
O Unicef revela que um dos desafios para recolher provas é a forte presença de milícias na região de Wau Shillul. Por isso, a agência diz ser “impossível” receber informações em primeira-mão.
Mas até o momento, foi possível descobrir que as crianças não estão juntas num único grupo. O Unicef percebe que alguns menores recebem permissão para voltar à casa para fazer uma refeição com seus pais e outras crianças podem voltar à escola. Mas pela noite, elas são novamente levadas pelo grupo armado.
O representante do Unicef no Sudão do Sul, Jonathan Veitch, destacou que todas as informações permitem crer que as crianças podem ter sido enviadas para o combate em Kaka, que fica a 45 minutos de barco de Melut.