Conselho de Segurança exige retirada das milícias houtis do governo no Iémen
Resolução, aprovada por unanimidade, alerta para "medidas adicionais" se não for respeitada pelas partes; órgão apela a todas as partes a garantir segurança dos diplomatas.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas exigiu a retirada das milícias houtis das instituições do governo do Iémen, numa resolução que apela ao fim da interferência estrangeira no país do sudoeste da Ásia.
No documento , aprovado por unanimidade, neste domingo, os 15 Estados-membros do órgão revelam a disponibilidade de tomarem "medidas adicionais" se a resolução não for implementada pelas partes iemenitas.
Transição
O Conselho deplora as ações do grupo xiita ao dissolver o Parlamento e assumir as instituições do governo, o que considera ter provocado o escalar da situação. O documento menciona ainda "atos de violência dos houtis e dos seus apoiantes, que minaram a transição no país".
Agências de notícias informaram que dezenas de milhares de iemenitas manifestaram-se em várias cidades, no sábado, contra a tomada do poder pelos houtis. Cerca de 26 pessoas teriam morrido em confrontos entre as milícias e sunitas ocorridos numa região montanhosa do sul.
Os combatentes xiitas muçulmanos derrubaram o governo central após a tomada do controlo da capital Sanaa, em setembro. O Conselho expressa a sua profunda preocupação com o assumir do controlo, pelos houtis, de órgãos da imprensa estatal e "deplora o uso dos meios de comunicação para incitar a violência".
Embaixadas
No documento, o Conselho de Segurança apela a todas as partes a garantirem a segurança dos diplomatas e das instalações diplomáticas. De acordo com agências de notícias, representantes da Arábia Saudita, dos Estados Unidos e de vários países ocidentais fecharam as suas embaixadas devido a receios de agravamento da violência.
Em novembro, o órgão impôs sanções ao ex-presidente do Iémen, Ali Abdullah Saleh, e dois líderes houtis.
Ao grupo xiita, o Conselho apelou a um "envolvimento em boa-fé nas negociações mediadas pelas Nações Unidas com vista a uma solução política".
Retirada
Além da retirada das forças houtis das instituições governamentais, a resolução exige a soltura do presidente do Iémen, do primeiro-ministro e de outros membros do governo que se encontram em prisão domiciliária.
A resolução pede às milícias xiitas que parem de minar a transição política e de segurança. O apelo aos países é que "se abstenham da ingerência externa que visa fomentar o conflito e a instabilidade e, ao invés disso, que apoiem a transição política."
A todas as partes, o pedido é que cessem as hostilidades armadas contra o povo e as autoridades legítimas do Iémen e abram mão "das armas apreendidas de instituições militares e de segurança do país".