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Representante no Sudão do Sul diz que país tem de ser salvo de conflitos

Hilde Johnson. Foto: ONU/JC McIlwaine

Representante no Sudão do Sul diz que país tem de ser salvo de conflitos

Hilde Johnson despede-se do cargo de enviada do secretário-geral da ONU ao mais novo país do mundo; nação comemora três anos de independência neste 9 de julho.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A representante especial do secretário-geral da ONU para o Sudão do Sul despediu-se do cargo esta terça-feira, na capital Juba. A mais nova nação do mundo comemora três anos de independência este 9 de julho.

Antes de partir, Hilde Johnson fez declarações à população e aos líderes sul-sudaneses, direto do Aeroporto Internacional de Juba. A enviada de Ban Ki-moon falou sobre a necessidade de salvar o Sudão do Sul de conflitos e do fracasso.

Assassinatos

Johnson afirmou que o povo “não merecia essa crise”, especialmente após ter sofrido com várias décadas de guerra civil. A representante lembrou que após dois anos e meio de independência, uma crise política tomou rumos violentos, que resultaram em “um ciclo de assassinatos étnicos”.

Falou ainda sobre “atrocidades” cometidas por sul-sudaneses, destruição das cidades de Bor, Malakal e Bentiu, e troca de poder por diversas vezes. Segundo Hilde Johnson, já são 1,5 milhão de pessoas que deixaram suas casas, e há risco da fome se alastrar no país.

Responsabilidade

Para a representante, toda a liderança do Movimento de Libertação do Povo do Sudão, Splm, incluindo governo e combatentes, tem responsabilidade coletiva pela atual situação do país.

Johnson mandou uma mensagem aos integrantes e opositores da Splm, de que tudo que ocorreu no país desde 15 de dezembro poderia ser prevenido. Mas a “explosão da violência e os assassinatos” surgiram na sequência de “uma crise de liderança política na Splm”.

A representante da ONU lamentou que “após décadas de sacrifício e de sofrimento”, os sul-sudaneses conquistaram liberdade e independência. Mas, segundo ela, uns viraram-se contra os outros e perderam oportunidades. Johnson disse ser possível interromper o conflito neste momento, a partir da vontade de líderes e da população.

Doenças

Na avaliação dela, o país está a enfrentar três doenças: o cancro da corrupção no setor do petróleo; o domínio das armas e não da lei, com impunidade entre forças de segurança e nos serviços; e a presença de “uma elite que lidera para a elite e não para o povo”.

Em seu último discurso, Hilde Johnson pediu a cura das doenças do passado, reformas das instituições do Estado, liderança, combate à corrupção, transparência e justiça.

Após três anos na função, a enviada acredita que a crise leva ao Sudão do Sul a oportunidade de “curar o país”, e ressaltou que as Nações Unidas continuam a prestar todo o apoio ao povo. Hilde Johnson disse esperar voltar à nação africana “em breve” e encontrar um país que “tenha ultrapassado diferenças” e seja “motivo de orgulho”.