Comitê da ONU diz que prisões da Argentina violam direitos humanos
Para grupo, autoridades falham em garantir aos presos com deficiências facilidades e serviços especiais; comitê avaliou relatos de um presidiário que vive em uma cadeira de rodas.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
O Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência afirmou esta quarta-feira que as autoridades da Argentina falham em garantir serviços aos presos com algum tipo de deficiência.
O grupo lembra ser obrigação das autoridades tomar medidas para reverter a situação e prevenir essas violações. O comitê pede que seja garantido aos presos com deficiência o acesso a serviços de saúde e a instalações nas cadeias.
Caso
A posição do Comitê foi divulgada após o grupo avaliar os relatos de um condenado à prisão perpétua. Na cadeia, ele sofreu um derrame que levou à perda parcial da visão, deficiência cognitiva e problemas de locomoção, o obrigando a usar uma cadeira de rodas.
Segundo o preso, as condições da cadeia estão afetando sua saúde física e mental. Ele afirmou não conseguir manter uma higiene adequada porque não pode ir ao banheiro sozinho. Segundo o preso, não está sendo fornecida ainda a reabilitação recomendada por seus médicos, porque o trajeto de 32km até o hospital poderia agravar seus problemas de coluna.
Alegações
As autoridades argentinas afirmaram que as alegações são genéricas e sem fundamento e que o pedido de prisão domiciliar não tem lógica, porque o preso também teria de se locomover ao centro de reabilitação.
O Comitê da ONU destacou não ter provas suficientes para confirmar que houve violação dos direitos de saúde do preso, nem concluir que o trajeto até o hospital colocaria em risco sua vida.
Mas o grupo nota que o governo da Argentina removeu uma escada que dificultava o acesso ao banheiro, que os elevadores da cadeia estão funcionando e que o serviço de enfermaria pode ser chamado 24 horas por meio de um botão.
Garantias
Ao mesmo tempo, as autoridades do país não demonstraram que essas medidas foram suficientes para garantir o acesso do preso a um banheiro adaptado à cadeira de rodas, nem que ele pode ir até o pátio do presídio sem ajuda, por exemplo.
Para o Comitê da ONU, a situação viola as obrigações da Argentina em garantir que um preso com deficiência tenha acesso a todas as instalações da prisão e em garantir que esse indivíduo se encontre detido em condições razoáveis, de acordo com o previsto na Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência.