Acnur alarmado com impacto da onda de violência na Nigéria
Depoimentos de recém-chegados ao Níger dão conta de cadáveres espalhados e tiroteios em aldeias do estado nordestino de Borno; país vizinho acolheu 2 mil nigerianos nas últimas semanas.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, disse estar cada vez mais alarmado com o impacto da violência no leste da Nigéria.
A agência cita refugiados recém-chegados a dar conta de atrocidades nas ilhas e nas margens do Lago Chade, no estado nordestino de Borno. Os ataques registados nos últimos dias iniciaram em meados de fevereiro.
Mortos
Uma mulher é citada em depoimentos que descrevem cadáveres espalhados pelas casas e a flutuar no lago. De acordo com a testemunha, as pessoas temem até em enterrar mortos ou seguir em busca de parentes desaparecidos.
Uma outra testemunha contou ter fugindo de um tiroteio numa aldeia, tendo apontado para mulheres e crianças sequestrados ou levados por atacantes não identificados.
Recém-chegados
O Comité Internacional de Resgate, uma ONG parceira do Acnur, registou cerca de 2 mil pessoas que atravessaram nas últimas quatro semanas para a região de Diffa, no sudeste do vizinho Níger.
Além dos ataques no Lago Chade, alguns dos refugiados recém-chegados partiram de áreas afetadas pelo conflito próximas de Maiduguri, a capital do estado de Borno.
Civis
A todas as partes em conflito no nordeste da Nigéria, a agência lembrou sobre a importância de proteger os civis. Em maio do ano passado, o governo nigeriano declarou estado de emergência para conter os rebeldes Boko Haram, que se opõem à educação ocidental.
De acordo com o Acnur, os ataques levaram a mais de 470 mil pessoas a deixar as suas casas devido à insurgência nos estados de Borno, Yobe e Adamawa.
*Apresentação: Denise Costa.