Mianmar: tensão entre governo e deslocados mata e fere em Rakhine
Acnur foi convidado pelas autoridades para mediar clima de tensão dos últimos quatro dias; descoberta de corpo num riacho próximo do acampamento culminou com baixas humanas e detenções.
Eleuterio Guevane, da Radio ONU em Nova Iorque.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, reiterou o apelo ao diálogo pacífico e à confiança entre os deslocados e o Governo no estado de Rakhine, no Mianmar.
Os últimos quatro dias foram marcados por tensões entre deslocados e as forças de segurança na sequência de confrontos que, segundo a agência, resultaram em pelo menos um morto e 10 feridos.
Acampamento
O incidente foi desencadeado, na sexta-feira, pela descoberta de um corpo num riacho próximo do acampamento de deslocados de Ohn Taw Gyinos nos arredores da capital estadual.
De acordo com a agência, a causa da morte e a manipulação do corpo levaram à disputa entre os residentes e a polícia local.
Presos
Durante os confrontos, quatro deslocados foram feridos por balas e um atingido na cabeça. Por sua vez, o grupo incendiou uma antiga base das forças da guarda fronteiriça situada próximo ao acampamento, numa ação que culminou com a prisão de pelo menos três pessoas.
Para mitigar futuras tensões, o Acnur disse estar a trabalhar com parceiros e deslocados para reforçar a gestão do acampamento, além de apoiar a criação de comités confiáveis para o efeito.
Violência
Em Rakhine vivem cerca de 140 mil deslocados internos pela violência intercomunitária do ano passado. Estima-se que em áreas isoladas e comunidades de acolhimento haja cerca de 36 mil afetados.
Após o incidente, as autoridades convidaram o Acnur para mediar a situação e aliviar as tensões. Apesar de ter conseguido entrar temporariamente para avaliar a situação, a equipa apontou problemas de acesso a informações confiáveis.
Nesta segunda-feira, foi registada calma “suficiente para a continuação do trabalho humanitário nos acampamentos afetados.”