Unodc apoia nova estratégia para conter atividades ilícitas no Sahel
Agência da ONU quer gestão da justiça criminal acessível, eficiente e responsável na região africana; dados da agência apontam para US$ 3,8 mil milhões anuais gerados por fluxos criminosos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A região africana do Sahel anunciou uma estratégia de reforço de capacidades nacionais e de cooperação regional, com vista a resolver questões de tráfico de drogas, do crime organizado e do terrorismo.
Os países concordaram num plano de quatro anos e meio, apoiado pelo escritório da ONU sobre Drogas e Crime, Unodc. O documento foi aprovado num encontro realizado na capital do Burquina Fasso, Ouagadougou.
Fronteiras
Em nota, emitida esta quinta-feira, a agência revela que as áreas a serem cobertas pelo plano incluem legislação, controlo fronteiriço, investigação, processos e sentença de casos criminais.
As últimas estimativas do Unodc referem os ganhos anuais com grandes fluxos ilícitos geram em torno de US$ 3,8 mil milhões anuais. O montante é considerado “muitas vezes superior ao Produto Interno Bruto de vários países da África Ocidental.”
Sistemas Judiciais
As áreas que devem merecer atenção também envolvem provas científicas para apoiar investigações judiciais e a melhoria dos procedimentos, além do acesso e aos sistemas judiciais.
Ao encontro, foram envolvidos além do país anfitrião, países como Argélia, Chade, Líbia, Mali, Mauritânia, Marrocos e Níger.
Terrorismo
Considera-se que as atividades de tráfico ilícito levadas a cabo por grupos criminosos organizados na região tenham possíveis ligações com o terrorismo.
O Unodc diz que a região é usada para fazer passar drogas ilícitas, seres humanos, petróleo, cigarros, medicamentos falsificados, armas de fogo e resíduos tóxicos.
Impacto
As situações do Mali, da Argélia e do Níger são tidas como exemplos do impacto desestabilizador do tráfico de pessoas, bem como o seu efeito grave sobre o desenvolvimento e a segurança no Sahel e seus arredores.
Com o apoio, o Unodc defende que a resposta deve se refletir numa “gestão da justiça criminal acessível, eficiente e responsável.”
Além disso, pretende-se dar maior eficácia aos sistemas de aplicação da lei e da capacidade de combate ao crime organizado, ao terrorismo, à corrupção e à impunidade.