ONU quer investigação sobre violência em protestos na Turquia
Pelo menos duas pessoas morreram nas manifestações, que já entraram no quinto dia consecutivo; Escritório de Direitos Humanos da ONU saudou admissão do governo de que uso da força foi desproporcional.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova York.*
O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas pediu às autoridades da Turquia que investiguem o uso da força excessiva durante protestos no país, e que leve os responsáveis à justiça.
Segundo o Escritório, a medida tomada pelas forças de segurança para conter manifestantes contra a remodelação de um parque, na cidade de Istambul, é preocupante.
Praça
O protesto entrou pelo quinto dia consecutivo em várias cidades. Duas pessoas morreram em Istambul e na capital Ancara.
A jornalista Michelle Alves de Lima estava em Istambul de férias quando foi surpreendida pelos protestos. Nesta entrevista à Rádio ONU, ela contou a tensão sentida no hotel, localizado na praça Taksim, onde surgiram os primeiros tumultos.
Reação
“Foi uma situação muito inesperada para os turistas e um pouco aterrorizante, pelo excesso do gás lacrimogêneo e pela tensão das pessoas que não estavam esperando esta manifestação e esta reação toda da polícia”, disse.
A jornalista contou como os turistas foram afetados também pela falta de informação.
“É um momento tenso, você não sabe o que vai acontecer, de que forma você vai ser protegido. Não tinha como chamar a polícia se algo acontecesse porque a polícia também estava envolvida no conflito. É uma situação muito tensa ainda mais porque havia rumores de que seria um “verão turco” (em alusão à Primavera Árabe). Dá medo porque não sou turca e nem tenho um background do que estava acontecendo e como aconteceu”, contou.
Plano
Os manifestantes saíram às ruas devido a um plano das autoridades que previa reformar o parque Gezi, na praça Taksim, em Istambul, mas os protestos se alastraram,
Foto: Jeffrey Alan Miller rapidamente, para outras cidades.
Na nota, o Escritório de Direitos Humanos da ONU saudou a admissão pelo governo turco, de que o uso da força foi desproporcional.
De acordo com agências de notícias, nesta terça-feira o governo pediu desculpas aos feridos e disse que os protestos iniciais sobre a remodelação do parque eram "justas e legítimas”.
*Apresentação: Mônica Villela Grayley.