Especialista quer liderança global para acabar com corrupção desportiva
Diretor do Centro Internacional para a Segurança do Desporto diz que problema é “grande, global e organizado”; Unesco prepara fórum com governos, agências da ONU e mundo desportivo para este mês, em Bona.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O especialista sobre a Corrupção no Desporto, Chris Eaton, disse que há falta de liderança global para facilitar soluções de combate à prática. Ele propõe que o tema seja levado para um debate, que “deve começar nos próprios governos.”
Para o diretor do Centro Internacional para a Segurança do Desporto, mesmo as melhores soluções nacionais e regionais não podem sanar as lacunas e hostilidades que ocorrem na rede desportiva global.
Conferência
As declarações de Eaton foram feitas dias antes da realização da 5ª. Conferência Internacional de Ministros e Altos Funcionários Responsáveis pela Educação Física e Desportos, em Bona. O evento, conhecido como Mineps V, decorre de 28 a 30 de maio.
O fórum é visto pelo perito como um espaço para atuação da Organização da ONU para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, que “deve aderir e concentrar-se na discussão internacional sobre o tema.” O outro benfício seria facilitar o desenvolvimento de um mecanismo de proteção internacional.
Talento
Para o especialista, a governação do desporto não evoluiu além do que chama “talento e empenho dedicados à sua comercialização e promoção.” Eaton aponta a corrupção no desporto como fenómeno “grande, global e organizado.”
Ele compara o mercado desportivo à “corrida do ouro”, com a lei a ser deixada para trás à medida que se segue rumo ao marketing e aos patrocínios, ao mesmo tempo que é exigida maior independência da área. Durante o processo, “princípios básicos internacionais de negócios de melhores práticas não são aplicados adequadamente pelos governantes ou competições”, considera.
Coordenação
Entretanto, Eaton destaca exemplos de países como a Austrália por ter um mecanismo que coordena a investigação de casos de corrupção. A Alemanha é referida porque, pela primeira vez, aplicou um mecanismo de resposta ao problema.
Na preparação para acolher os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, e o Mundial de Futebol de 2018, a Rússia foi elogiada por reconhecer o problema, ao mais alto nível, e pela implementação da lei anti-jogo.
Realizado pela primeira vez em 1976, o fórum foi criado pela Unesco para facilitar o intercâmbio intelectual e técnico entre governos, agências das Nações Unidas e representantes do movimento desportivo.
*Com entrevista de Sue Williams, da Unesco.