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Relatório aponta execuções extrajudiciais e sumárias no Mali

Relatório aponta execuções extrajudiciais e sumárias no Mali

Alto comissariado dos Direitos Humanos fala de ações retaliatórias alegadamente perpetradas por tropas e violações de grupos armados; autoridades apontam restauração de algum senso de liberdade desde janeiro.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A intervenção militar no norte do Mali foi seguida de uma “grande escalada de violência retaliatória por soldados do governo, aparentemente contra os  grupos étnicos tuaregues e árabes.”

A informação foi dada, esta terça-feira, em Genebra, pela alta comissária-adjunta para os Direitos Humanos, num relatório ao Conselho de Direitos Humanos.

Grupos Armados

No informe sobre o país, Kyung-wha Kang apontou denúncias de execuções extrajudiciais e sumárias “levadas a cabo pelo Movimento Nacional de Libertação de Azawad e outros grupos armados.”

As ações teriam ocorrido em nome de uma interpretação particular da lei islâmica sharia. A representante sublinhou, igualmente, a ocorrência de violações dos direitos económicos, sociais e culturais da população do norte.

Árabes e Tuaregues

A região foi ocupada por rebeldes islamitas, após ofensiva levada a cabo em janeiro de 2012. A ação foi seguida por um golpe de Estado que provocou a instabilidade, levando a mais de 430 mil pessoas a abandonarem as suas casas.

O documento fala também de mensagens inflamatórias transmitidas através dos meios de comunicação social do país, que estigmatizavam membros das comunidades árabes e tuaregues.

Presente no encontro, o ministro da Justiça do Mali,  Malick Coulibaly, disse que o documento tinha informação substancial e variada sobre a situação dos direitos humanos no país, além de ilustrar claramente a gravidade da situação.

Atrocidades

Para o governante, as ações resultaram da agressão injustificada e inaceitável de que o país tinha sido vítima, devido à ocupação ilegal por grupos armados no Norte.

Coulybaly disse que grupos armados cometeram atrocidades indescritíveis e desde a intervenção das forças francesas, em janeiro, “algum senso de liberdade” havia sido restaurado.