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Relatório documenta ataques a hospitais como tática de guerra na Síria

Relatório documenta ataques a hospitais como tática de guerra na Síria

Comissão de Direitos Humanos sobre o país aponta captura de pessoal da saúde para evitar o socorro aos feridos; informe sobre situação da violência foi apresentado nesta segunda-feira, em Genebra.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A Comissão de Inquérito sobre a Síria anunciou, esta segunda-feira, que está a documentar casos de ataques deliberados a centros de tratamento médico como tática de guerra no país árabe.

De acordo com o presidente da Comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, vários hospitais e centros de saúde são destruídos, e ocorre a captura do pessoal da saúde para evitar o socorro aos feridos.

Mulheres e Crianças

O representante falava, em Genebra, na atualização do relatório de 18 de fevereiro sobre a situação da violência na Síria. Pinheiro lembrou que o número de sírios que fogem para os países vizinhos é de mais de 1 milhão. Estimando-se que terços são mulheres e crianças.

Pinheiro destacou a violação do Protocolo Opcional da Convenção dos Direitos da Criança tanto por milícias ligadas ao governo sírio, como por grupos rebeldes ao envolverem menores no conflito armado.

Armas

Segundo o presidente da Comissão de Inquérito, rapazes sírios estão sob risco de recrutamento. Pinheiro contou que na aldeia de Al-Qusayr, meninos de 14 anos estariam a ser treinados com armas.

A Comissão citou relatos de pelo menos 20 incidentes que podem ser classificados de massacre.

Respeito

A detenção, na semana passada.  de 21 capacetes-azuis da ONU pelo grupo armado “Mártires de Yarmouk”, nos Montes Golã, foi referida pelo representante. Para Pinheiro, a captura de funcionários das Nações Unidas como reféns é um sinal da “crescente falta de respeito com que as partes do conflito tratam a vida humana.”

Relativamente aos refugiados, ele afirmou que apesar de as nações vizinhas manterem suas fronteiras abertas para a passagem dos sírios, a pressão de receber tantas pessoas já começa a ser sentida nesses países.

Brutalidade

Paulo Sérgio Pinheiro disse que tanto o governo como a oposição não estão a proteger os civis, que são submetidos ao que chamou de “brutalidade da guerra.”

O relatório aponta o bombardeamento de cidades, assassinatos em massa e o fogo cruzado deliberado a alvos civis, que passaram a ser rotina na Síria.

A ONU aponta que cerca de 100 mil sírios foram feridos pelo conflito, tendo um quarto adquirido uma deficiência física para o resto da vida.

*Apresentação: Denise Costa.