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Comissão alerta sobre risco de recrutamento de crianças na Síria BR

Comissão alerta sobre risco de recrutamento de crianças na Síria

Segundo relatório apresentado sobre violência política no país, menores de 14 anos estariam pegando em armas, e ambos os lados do conflito teriam violado Protocolo Adicional sobre Convenção dos Direitos da Criança.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

A Comissão de Inquérito sobre a Síria apresentou, nesta segunda-feira, uma atualização do relatório de 18 de fevereiro sobre a situação da violência no país árabe.

O presidente da Comissão, Paulo Sérgio Pinheiro, lembrou que o número de sírios que estão fugindo para os países vizinhos é de mais de 1 milhão, e deste total, dois terços são mulheres e crianças.

Passagem

Pinheiro disse que tanto milícias, ligadas ao governo sírio, como grupos rebeldes violaram o Protocolo Opcional da Convenção dos Direitos da Criança ao envolver menores no conflito armado.

Segundo o presidente da Comissão de Inquérito, meninos sírios estão so risco de recrutamento. Pinheiro contou que na aldeia de Al-Qusayr, garotos de 14 anos estariam sendo treinados com armas.

Ao falar sobre os refugiados, ele afirmou que apesar de as nações vizinhas manterem suas fronteiras abertas para a passagem dos sírios, a pressão de receber tantas pessoas já começa a ser sentida nesses países.

O presidente da Comissão citou as palavras do alto comissário da ONU para refugiados, António Guterres, de que a situação na Síria hoje corre risco de se tornar um desastre de proporções políticas, de segurança e humanitárias.

Vitória

O especialista em direitos humanos afirmou que uma iniciativa diplomática para acabar com a violência é urgente na região. Pinheiro disse que nenhuma parte tem a capacidade de vencer a outra, em termos militares, e classificou de “falácia” as perspectivas de vitória de qualquer um dos lados.

Ele lembrou que ambas as partes, governo e oposição, não estão protegendo os civis, que estão sendo submetidos ao que chamou de “brutalidade da guerra.”  Paulo Sérgio Pinheiro citou os bombardeios de cidades, assassinatos em massa e o fogo cruzado deliberado a alvos civis, que passaram a ser rotina na Síria.

Massacre

A Comissão recebeu relatos de vários incidentes que podem ser classificados de massacre, pelo menos 20 casos.

Ele citou a detenção de 21 boinas-azuis da ONU pelo grupo armado “Mártires de Yarmouk”, nas Colinas de Golã, na semana passada.  Segundo Pinheiro, a captura de funcionários das Nações Unidas como reféns é um sinal da “crescente falta de respeito com que as partes do conflito tratam a vida humana.”

A Comissão de Inquérito também está documentando casos de ataques deliberados a centros de tratamento médico como tática de guerra. Vários hospitais e clínicas estão sendo destruídos e o pessoal da saúde capturados para evitar o socorro aos feridos.

Ao todo, cerca de 100 mil sírios foram feridos pelo conflito. E 25% deste total têm agora uma deficiência física para o resto da vida.