Relator diz que mulheres com mais poder garantem segurança alimentar
Olivier de Schutter acredita na redistribuição de papeis no gerenciamento do combate à fome; mulheres ajudaram a reduzir má nutrição entre 1970 e 1995.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova York.*
O relator especial da ONU sobre o Direito à Alimentação, Olivier de Schutter, afirmou que o mundo tem que repensar o papel de mulheres e homens na segurança alimentar.
Segundo ele, as mulheres podem ajudar a reduzir a fome caso recebam mais poder político. De Schutter citou um estudo que comprova a cooperação feminina na redução da fome entre 1970 e 1995.
Partilha
O relator afirmou que os governos têm que dar maior autonomia à mulher, durante a apresentação do relatório sobre Gênero e Direito à Alimentação, nesta segunda-feira, no Conselho de Direitos Humanos.
Na semana passada, a encarregada do Setor de Gênero, Equidade e Trabalho Rural da FAO, Eve Crowley, comentou uma ação na Índia para dar mais poder às mulheres como parte da agenda de desenvolvimento pós-2015.
Recursos Agrícolas
“Há trabalhos periódicos , mas precisamos buscar formas de garantir que haja alimentos de forma permanente todo o ano. A Índia tem exemplos muito interessante de trabalhos públicos criados, periodicamente, para favorecer os mais pobres, como exemplo interessante de base de proteção social.”
O relator da ONU mencionou a remoção de todas as leis e práticas discriminatórias que impedem as mulheres a ter acesso a recursos agrícolas como a terra, insumos e crédito. Em vários países, as mulheres não podem ser donas de terra, um direito reservado somente a homens.
Barreiras
De Schutter elogiou iniciativas como cotas para mulheres em obras no setor público na Índia, mas disse que as barreiras à participação feminina continuam na maioria dos casos.
O relator encerrou a apresentação citando que tarefas como busca de água, cuidado de jovens e de idosos, atribuídas à mulher custam cerca de 15% do Produto Interno Bruto, PIB, dos países de renda média. Nos países de baixa renda esse valor é mais que o dobro.
*Apresentação: Mônica Villela Grayley.