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África e Américas lideram queda global de casos de lepra

África e Américas lideram queda global de casos de lepra

Relatório da OMS cita casos de Angola e Moçambique ao terem reduzido a doenca a mais de três quartos em sete anos;  Cabo Verde é destacado no relatório por integrar grupo de países sem registo de casos de raiva canina em 2011.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, destaca a queda de casos anuais de lepra em África e nas Américas, contrariamente às outras regiões do mundo.

Os dados são refletidos no relatório “Mantendo a iniciativa para superar o impacto global de doenças tropicais negligenciadas” publicado esta quarta-feira, em Genebra. O documento analisa o período entre 2004 e 2011.

Lusófonos

Nos países de língua portuguesa, Angola destaca-se ao ter baixado quase quatro quintos (75,9%) dos novos casos. Moçambique reduziu 75% e o Brasil, com o segundo maior número de casos do mundo, em pouco mais de um terço (31%).

A doença é uma das que se pretende eliminar a nível global até 2020.

Falando à Rádio ONU, de Genebra, a médica da OMS, Regina Ungerer disse que para se alcançar a meta também é necessário abordar fatores sociais.

Exclusão

“Estas doenças são da pobreza, do desenvolvimento e da exclusão social. Então, não existe só a questão de enfrentar a doenças. Temos que enfrentas os problemas das desigualdades sociais, os determinantes sociais da saúde, emprego para as pessoas, moradia, acesso a água potável só com essas medidas que na verdade não têm nada a ver com a saúde diminui enormemente o número das doenças, referiu.

Apesar da redução de casos, em mais de metade, a Índia continua como o maior número de doentes.

Bilharziose

A agência aborda desafios para eliminar a bilharziose (esquistossomose), que afeta Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. As nações lusófonas estão no grupo de 30 países da África subsaariana onde se registam 99% dos casos.

Por seu turno, Cabo Verde é destacado no relatório por integrar os nove países que não registaram casos de raiva canina em 2011. A doença não é mais considerada endémica por não ter sido detetada nem em homens nem nos animais.

Guiné-Bissau

Angola aparece como um dos países a registar a doença do sono, também conhecida como tripanossomíase. A doença, ainda  endémica em 24 nações, não é detetada há mais de 30 anos na Guiné-Bissau.

Por outro lado, casos de raiva humana transmitida por morcegos aumentam as preocupações da OMS, principalmente em áreas remotas da região amazónica com destaque para o Brasil, Colômbia, Equador e Peru.

O relatório chama atenção ao facto de se estar perante uma questão de saúde pública de importância crescente na América Latina.

Os fatores de risco são o fraco acesso a cuidados adequados por parte das populações expostas, aliado ao potencial das alterações climáticas poderem levar a uma expansão da distribuição geográfica da doença.

Chagas

O documento destaca planos do Brasil para eliminar o tracoma, a principal causa mundial da cegueira prevenível.

Os desafios citados no documento incluem o combate à doença de chagas, que também afeta o país. O relatório indica uma mudança no padrão epidemiológico da co-infeção do parasita da doença de chagas e o vírus HIV.

Estratégia

A maior prevalência dos casos da co-infeção, considerada muito pouco diagnosticada, ocorre no sul das Américas e da Europa. Além do Brasil os casos registam-se em países como Argentina,   Espanha, Estados Unidos e outros.

O relatório destaca progresso sem precedentes nos últimos dois anos, referindo que o mundo está mais perto de eliminar muitas doenças que afetam mais aos pobres.

De acordo com a OMS o facto deve-se a uma nova estratégia global que inclui o fornecimento regular de qualidade garantida, o custo-benefício de medicamentos e o apoio de parceiros globais no combate às doenças tropicais negligenciadas.