Agência da ONU para palestinos convida Brasil para conselho diretor
Convite foi tornado público durante visita do chefe da Unrwa ao país, Filippo Grandi, encerrada na sexta-feira; projetos no Rio de Grande do Sul e no Rio de Janeiro chamaram a atenção do funcionário da ONU.
Felipe Siston, do Rio de Janeiro para a Rádio ONU.
A Agência das Nações Unidas de Assistência a Refugiados Palestinos, Unrwa, convidou o Brasil a integrar o seu Conselho Consultivo. A proposta foi feita diretamente pelo comissário-geral da Unrwa, Filippo Grandi, em uma visita de uma semana ao Brasil, encerrada na sexta-feira, no Rio de Janeiro.
Em entrevista à Rádio ONU, o chefe da Coordenação-Geral de Ações de Combate à Fome, do Itamaraty, Milton Rondó, contou que o chefe da Unrwa se interessou por vários projetos brasileiros incluindo iniciativas no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro.
Empregos para Jovens
“No caso do Rio Grande do Sul, a vocação agrícola é evidente. A gente vê boas possibilidades de cooperação. Ainda gostaríamos de criar o projeto Oswaldo Aranha. Ele presidiu aquela Assembleia, onde foram criados o Estado de Israel e o Estado Palestino. No caso do Rio de Janeiro, a experiência da UPP e da criação de empregos para jovens.”
A Unrwa informou que tem 30 mil funcionários entre professores, médicos e assistentes sociais. O Brasil contribui anualmente com cerca de R$ 18 milhões para o orçamento da agência.
Caso aceite o convite, o Brasil se tornará o primeiro país latino-americano a integrar o quadro de decisões da Unrwa.
Reconstrução
Em 2010 o congresso brasileiro aprovou lei para repasse de R$ 25 milhões para a reconstrução de Gaza, disponibilizado em nome da Unrwa.
No ano passado, houve o primeiro desembolso, no valor de US$ 1 milhão de dólares. Já neste ano, foram entregues à agência US$ 7,5 milhões.
“Vim ao Brasil agradecer publicamente as doações e discutir sobre como seria possível fazer esse apoio o mais regular possível”, disse Grandi.
Atualmente 23 países participam do Conselho Consultivo da Agência, que tem custo anual de US$ 1,2 bilhão e um subfinanciamento que varia entre 10% e 20% para os programas de ajuda humanitária.
Segurança
Os principais doadores são Estados Unidos, União Europeia, Japão, Austrália, países árabes e aqueles que recebem os refugiados palestinos.
Durante a entrevista, Grandi também falou do resultado de encontros com representantes dos governos do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. De acordo com ele, esses estados oferecem experiências nas áreas de segurança, saúde e agricultura que podem ser replicadas em projetos da Unrwa.
Brics
“O Brasil é exemplo para países doadores tradicionais e outros que estão emergindo no cenário global que, na minha opinião, deveriam assumir um papel maior na solidariedade e cooperação internacional”, disse ele em referência aos países membros dos Brics ( grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e da América Latina.
Também participaram do encontro o coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome do Itamaraty, ministro Milton Rondó Filho, e o diretor do Centro de Informação das Nações Unidas, Giancarlo Summa.
*Apresentação Mônica Villela Grayley com reportagem do Unic-Rio.