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Especialista diz que recessão global afeta saúde de trabalhadores BR

Especialista diz que recessão global afeta saúde de trabalhadores

Impacto da crise econômica, novas tecnologias e até o efeito das mudanças climáticas seriam causas para o aumento de doenças no ambiente de trabalho; participantes também apontaram problemas sociais causados pela imigração, aumento do trabalho informal e da população mundial.

[caption id="attachment_204721" align="alignleft" width="350" caption="O risco de recessão econômica em alguns países e o enxugamento do mercado de trabalho também criam um clima desfavorável para a saúde mental dos profissionais"]

Victor Boyadjian, da Rádio ONU em Nova York.*

Um dos diretores da Organização Internacional do Trabalho, Seiji Machida, afirmou que é preciso renovar o compromisso com a saúde e a segurança do trabalho num cenário global em mudança.

Machida fez a afirmação durante o “19º Congresso Mundial sobre Segurança e Saúde no Trabalho”, encerrado nesta quinta-feira.  Mais de 5,4 mil pessoas de 40 países participaram do evento, em Istambul, na Turquia.

Acidentes

Segundo estatísticas, reveladas no congresso, houve uma redução no número de mortes por acidentes laborais. Mas por outro lado, aumentou a quantidade de ocorrências relacionadas a problemas de saúde.

O especialista em medicina do trabalho e consultor da OIT no Brasil, Zuher Handar, disse à Rádio ONU, de Istambul, que parte do problema está relacionada às pressões cada vez maiores, geradas pela recessão global.

“Estes transtornos mentais vêm justamente destas condições de aumento de produtividade, intensificação do trabalho, hora extra sendo colocada como uma necessidade ou obrigação. E isso traz comprometimento de quadros depressivos. E há trabalhadores que adquirem determinadas doenças e lutam muito para comprovar que elas estão relacionadas ao trabalho”, diz.

Enxugamento

O risco de recessão econômica em alguns países e o enxugamento do mercado de trabalho também criam um clima desfavorável para a saúde mental dos profissionais.

Handar aponta que muitos dos riscos ao trabalhador estão se originando nesta situação.

“Outro fator é o medo do desemprego. Há hoje pesquisas que mostram que quando uma pessoa é demitida, 10 à sua volta ficam inseguras. E esta insegurança faz com que as pessoas aceitem qualquer tipo de trabalho em qualquer situação. E isso, logicamente, compromete”, conclui.

Segundo o evento, é preciso ampliar o debate entre governos, empregadores e representantes dos setores produtivos para melhorar a educação e, consequentemente a segurança no trabalho.

Um estudo da Associação Internacional de Segurança Social mostra que empresas que investiram em prevenção de incidentes gastaram duas vezes menos em despesas com indenizações e custos médicos.

*Apresentação: Mônica Villela Grayley.