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ONU diz que 3,6 milhões de vidas podem ser salvas com mais parteiras BR

ONU diz que 3,6 milhões de vidas podem ser salvas com mais parteiras

Relatório sobre o Estado das Parteiras no Mundo, divulgado nesta segunda-feira, revela escassez de profissionais em países de renda baixa.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Um relatório do Fundo de População das Nações Unidas alerta para o problema da escassez de parteiras em todo o mundo.

Segundo a ONU, o trabalho delas é fundamental para se alcançar as Metas do Milênio 4, 5 e 6 sobre redução da mortalidade infantil e materna.

Tratamento Adequado

Uma pesquisa com 58 países de renda baixa mostrou que 38 deles podem deixar de atingir as Metas por falta de 112 mil parteiras.

O estudo foi lançado em Durban, na África do Sul, na presença de 3 mil parteiras. Entre os países analisados estão três de língua portuguesa: Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste.

Dos três, apenas a Guiné-Bissau tem em suas comunidades agentes de saúde com algum treino como parteiras.

Mortes

A falta de tratamento adequado causa a morte de 358 mil mulheres todos os anos. O número de natimortos chega a 2,6 milhões.

A diretora do Unfpa em Genebra, Alanna Armitage, disse à Rádio ONU que as parteiras têm que estar integradas em sistemas nacionais de saúde.

“Elas não podem trabalhar sozinhas. Elas têm que fazer parte de um sistema de saúde reforçado, para que esse sistema trabalhe para salvar vidas de mulheres e bebês. Esse relatório vai nos dar a oportunidade para levantar novamente o tema das parteiras, a importância delas e assim poderemos todos trabalhar juntos para assegurar que as mulheres não morram durante o parto”, afirmou.

Bordões

Para a ONU, os governos devem investir mais no treinamento de parteiras e na melhoria de serviços de saúde que ajudam a salvar a vida mas mães e dos bebês.

Por causa da escassez desses serviços, 2 milhões de recém-nascidos morrem nas primeiras 24 horas de vida.

Para pedir formação de mais parteiras, mais de mil profissionais saíram às ruas de Durban cantando bordões como “as parteiras não ficarão mais invisíveis”. Elas fizeram uma marcha de 5 km pela orla da cidade sul-africana.

Para marcar a divulgação do relatório sobre o Estado das Parteiras 2011, um grupo de acadêmicos da Universidade de Exeter, na Inglaterra, lançou um mapa interativo sobre o número de profissionais em todo o mundo.