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Entrevista: José Filipe Moraes Cabral

Entrevista: José Filipe Moraes Cabral

Embaixador de Portugal junto às Nações Unidas fala à Rádio ONU sobre as crises na Cote d’Ivoire e na Líbia, reforma do Conselho de Segurança e a cooperação dos países de língua oficial portuguesa na organização.

Eleutério Guevane e Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

A posição portuguesa em relação ao diálogo político no Médio Oriente e as recentes crises políticas em África fizeram parte do leque de temas desenvolvidos na entrevista concedida pelo embaixador de Portugal nas Nações Unidas, José Filipe Moraes Cabral, esta terça-feira, à Rádio ONU.

Fracturas em Cote d'Ivoire

O diplomata realçou a importância de um esclarecimento de violações de direitos humanos em Cote d'Ivoire, que considerou um "um país fracturado por uma guerra civil."

O embaixador português referiu-se ainda à importância da aplicação de esforços no sentido de reconciliação, chamando a atenção para a necessidade de repor muito rapidamente a ordem e a segurança. "Que esta administração reflicta as principais componentes e sensibilidades políticas da Costa do Marfim, isto parece indispensável. Tem que haver um movimento de congregação de todas as forças políticas", frisou.

Comunidade Internacional

Comentando os desenvolvimentos do conflito na Líbia entre forças da oposição e apoiantes do líder Muammar Kadafi, Moraes Cabral reiterou a urgência da comunidade internacional de ajudar a encontrar uma solução política para a crise, apontando para possíveis consequências.

"Pode afectar a integridade territorial da Líbia do modo como o conhecemos neste momento. De modo que sem solução política, não haverá resolução para a actual crise e os riscos de eternização são evidentes", apontou.

Conselho de Segurança

Relativamente ao debate com vista ao avanço das reformas do Conselho de Segurança, o embaixador falou da necessidade de encetar o que chamou "uma verdadeira negociação". Conforme apontou, "o que é necessário também é a disponilidade para compromissos e para encontrar soluções que recolham um apoio consensual ou, pelo menos, um apoio muito vasto entre os membros da Assembleia Geral."

De acordo com José Filipe Moraes Cabral , Portugal defende a articulação e coordenação dos países de expressão portuguesa nos grandes eventos da ONU.

"Por que que a presidência da Cplp não fala em nomes dos oito Estados-membros da Cplp? Os países nórdicos o fazem. Um outro domínio seria uma articulação e coordenação dos oito países de língua portuguesa na forma como votam em muitas das eleições das Nações Unidas. Se os países de língua oficial portuguesa apresentarem-se como um bloco eleitoral, quando isso é possível, eu acho que é isso é muito significativo, em termos de capacidade de afirmação da Cplp na Nações Unidas", explicou.

Desde que Portugal assumiu um assento rotativo no Conselho de Segurança, em Janeiro, o país tem exercido várias responsabilidades no dia-a-dia do órgão. No momento, Moraes Cabral ocupa a presidência de grupos de trabalho para a Líbia, para os tribunais internacionais e de reforma do modus operandi do próprio Conselho.

Em Novembro, o país terá a oportunidade de dirigir todas as sessões da casa ao assumir a presidência rotativa do Conselho de Segurança.

Acompanhe a entrevista à Rádio ONU em Nova York.

Tempo Total: 23´33´´

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