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Cepal alerta para riscos da alta de capital estrangeiro na América Latina BR

Cepal alerta para riscos da alta de capital estrangeiro na América Latina

Região tornou-se ainda mais atrativa para investidores após crescimento de 6% em 2010; performance é quase o dobro da média do Leste Europeu, da Ásia Central e de países de alta renda.

Marina Estarque, da Rádio ONU em Nova York.*

A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, Cepal, alertou para os perigos da entrada, cada vez maior, de capitais externos na região.

Num workshop, realizado nesta quarta-feira, na sede da Cepal, em Santiago do Chile, a chefe do órgão, Alicia Bárcena, disse que o ingresso de capitais estrangeiros é geralmente positivo, mas "pode se transformar em pesadelo".

Desemprego e Pobreza

Bárcena lembrou de crises passadas, quando o excesso de liquidez resultou em aumentos insustentáveis dos gastos e uma queda na taxa de câmbio real.

Segundo ela, estes períodos obrigaram os países a fazer "ajustes recessivos dolorosos", que teriam causado desemprego, pobreza e instabilidade social. A secretária-executiva disse "ser importante aprender com as lições do passado."

Para a Cepal, a América Latina e o Caribe têm, no momento, boas perspectivas de crescimento e sistemas macroeconômicos que asseguram "certa robustez no contexto internacional".

Petróleo

Mas para a agência da ONU não se deve confundir crescimento econômico com desenvolvimento. Para a Comissão, o emprego ainda é a melhor forma de diminuir as desigualdades de renda e aumentar o acesso à seguridade social e do trabalho.

O ministro das finanças do Chile, Felipe Larraín, falou que o maior risco externo é a alta no preço do petróleo. De acordo com ele, o PIB mundial pode cair até 1% se o valor do barril atingir US$ 150. O preço atual está em US$ 120.

O Banco Mundial também chamou atenção para os perigos da volatilidade dos fluxos de capital para as economias locais. Segundo o órgão, após a recessão global, nem todos os países da região se recuperaram da mesma forma. Enquanto o Haiti apresentou um crescimento negativo de 8,5%, a Venezuela, por exemplo, teve -0,1% .


*Apresentação: Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.