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Mundo lembra vítimas do genocídio no Ruanda

Mundo lembra vítimas do genocídio no Ruanda

Secretário-Geral da ONU elogia forma como os ruandeses lidam com o trauma; pelo menos 800 mil pessoas foram assassinadas em 1994.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Por ocasião do Dia Internacional para Reflexão do Genocídio de 1994 no Ruanda, assinalado esta quinta-feira, o Secretário-Geral da ONU elogiou o povo e governo ruandeses pela "resistência e dignidade na gestão do trauma da tragédia prevenível."

Em mensagem, Ban Ki-moon encorajou a continuação da "promoção contínua do espírito inclusivo e do diálogo necessário para a cura, reconciliação e recuperação dos ruandeses."

Vítimas

Pelo menos 800 mil cidadãos, na sua maioria tutsis e hutus moderados, foram assassinados em 1994, no país da região africana dos Grandes Lagos.

O Secretário-Geral sublinhou que o mundo "não vai tolerar a impunidade por violações grosseiras dos direitos humanos e do Direito Internacional Humanitário."

Responsabilidade Internacional

A professora Sabrina Medeiros, docente na Escola de Guerra Naval e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, disse à Rádio ONU, do Rio de Janeiro, que após o genocídio do Ruanda, a responsabilidade internacional de proteger os povos contra o crime teve uma nova abordagem.

"Entra como mais um massacre da história, tal como o foram o holocausto e o dos arménios. Naturalmente, tem uma particularidade: cada vez mais, nos vemos voltados para conflitos eminentemente civis, em que civis são utilizados como fonte de combate e de fragilização das instituições. É nesse sentido que se entra numa óptica diferenciada de conflitos étnicos e interétnicos, cuja intervenção internacional se vai fazer cada vez mais necessária,"afirmou.

Responsabilidade

Ban Ki-moon apontou a prevenção do genocídio como responsabilidade colectiva e individual.

A data é marcada com o evento "Reconstruindo o Ruanda: Reconciliação e Educação", na sede da ONU em Nova Iorque. Sobreviventes do genocídio, músicos, diplomatas e altos funcionários das Nações Unidas vão reflectir sobre a importância da educação para impulsionar a reconciliação.