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Painel sobre Sudão preocupado com progresso limitado

Painel sobre Sudão preocupado com progresso limitado

A menos de três meses dos referendos que decidirão o futuro do país africano, o painel das Nações Unidas no terreno analisa a situação pre-eleitoral e pede uma solução aceitável após esforço de todas as partes.

Susete Sampaio, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O presidente do painel das Nações Unidas que acompanha o período pré-referendos no Sudão, expressou a sua preocupação com progresso limitado em várias áreas, em particular no recenseamento eleitoral.

Liderado pelo Chefe de Estado da Tanzânia, Benjamin Mkapa, o painel nomeado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, concluiu a sua visita de uma semana ao Sudão, nesta sexta-feira.

Acordo Compreensivo

A 9 de janeiro, os habitantes do sul do Sudão votarão para decidir se se separam ou não do resto do país, enquanto os da área central de Abyei irão às urnas para escolher se querem pertencer ao norte ou ao sul da nação.

Os dois referendos constituem a fase final do Acordo Compreensivo de Paz, assinado em 2005 com o objetivo de pôr um fim a duas décadas de guerra entre o governo situado a norte e o Movimento/Exercito de Libertação da População Sudanesa, situado no sul do país.

Benjamin Mkapa, para quem estes referendos representam um "marco decisivo", disse que espera que "o alívio e otimismos maravilhosos desse dia possam ser refletidos, independentemente do resultado dos votos."

Situação

O presidente do painel, manifestou o receio do seu grupo perante a área de Abyei, conhecida por ser rica em petróleo, e que considera ser "crucial para a paz e a estabilidade no Sudão", onde "a situação no terreno tem sido relatada como sendo muito tensa."

O grupo quer os esforços de todas as partes para encontrar uma "solução aceitável", porque a população do sul que vive no norte e vice-versa, merecem uma garantia da sua proteção e das suas liberdades.


Mkapa referiu que o grupo não se encontra no local para "fazer funcionar o processo dos referendos, para ser observadores de eleições, ou para certificar os resultados". De acordo com o presidente do grupo, "este processo pertence aos sudaneses, e a responsabilidade de assegurar que os referendos sejam credíveis cabe aos sudaneses. O papel da comunidade internacional é fornecer-lhes apoio."

Encontros diplomáticos

Este painel passou por cidades como Cartum, Juba e Abyei e encontrou o presidente sudanês, Omar Al-Bashir e o chefe do governo do sul, Salva Kiir Mayardit.

Da visita, também fizeram parte encontros com oficiais de ambos os governos, membros da Comissão e Escritório dos Referendos do sul do Sudão, o porta-voz e o secretário do porta-voz da administração em Abyei, representantes da ONU, corpos diplomáticos, grupos de observadores e da sociedade civil.

Do grupo fazem parte também o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, António Monteiro e o antigo porta-voz da Comissão Eleitoral do Nepal, Bhojraj Pokharel.

A próxima visita do painel a esta nação está prevista para Novembro.