Relatórios da ONU apontam violações do LRA
Documentos revelam possíveis crimes de guerra e contra a humanidade cometidos pelo grupo rebelde no sul do Sudão e na República Democrática do Congo; há relatos de saques, sequestros, mutilações e estupros.
Carlos Araújo, da Rádio ONU em Nova York*.
Uma série de ataques brutais contra civis realizados pelo grupo rebelde ugandês, Exército de Resistência do Senhor, LRA, no sul do Sudão, podem representar crimes contra a humanidade.
A conclusão faz parte de um relatório divulgado nesta segunda-feira em Genebra pelo Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos.
Ataques
O documento cobre investigações realizadas por funcionários do órgão e da missão das Nações Unidas no Sudão, Unmis, sobre uma série de 27 ataques confirmados cometidos pelo movimento entre dezembro de 2008 e março deste ano, durante os quais pelo menos 81 civis foram mortos.
Muitas pessoas também ficaram feridas, mutiladas, sequestradas e violadas, e pelo menos 18 crianças foram forçadas a juntar-se ao grupo como soldados e escravas sexuais.
Alguns menores conseguiram depois escapar e os relatos de abusos confirmam informações recebidas de outras crianças que foram sequestradas em ataques anteriores do LRA.
Segundo o documento, durante as ações do grupo rebelde aldeias foram saqueadas e muitas vezes totalmente destruídas, provocando o deslocamento de cerca de 38 mil pessoas em regiões do sul do Sudão situadas perto da fronteira com a República Democrática do Congo.
Crimes
Um segundo relatório sobre o LRA também divulgado nesta segunda-feira, desta vez pela missão da ONU na RD Congo, Monuc, indica que 1,2 mil civis foram mortos e 1,4 mil sequestrados, incluindo mulheres e crianças, entre setembro do ano passado e junho deste ano.
A Monuc realça que esses ataques e os abusos sistemáticos e generalizados de direitos humanos perpetrados pelo grupo podem constituir crimes de guerra e contra a humanidade.
*Apresentação: Daniela Traldi, da Rádio ONU em Nova York.