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Brasil deve aumentar condenação por trabalho escravo (Português para o Brasil)

Brasil deve aumentar condenação por trabalho escravo (Português para o Brasil)

Chefe de agência das Nações Unidas no Brasil diz à Rádio ONU que número de punições deve subir após definição da Justiça sobre tratamento dos casos.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

A Organização Internacional do Trabalho, OIT, no Brasil acredita que o número de condenações por trabalho forçado deve aumentar nos próximos anos.

A afirmação foi feita pela diretora da agência no país, Laís Abramo, nesta terça-feira após o lançamento de um relatório da OIT sobre o tema.

Competência

De acordo com o documento "O Custo da Coerção", somente em 2007, o Brasil libertou 6 mil pessoas do trabalho escravo. Mas uma ano depois a operação, só uma pessoa havia sido condenada pelo crime.

Para a diretora da OIT no Brasil, esta situação deve mudar após a decisão legal sobre quem deve tratar dos casos de trabalho escravo.

"A não-definição de qual era a competência para julgar estes crimes. Se era a Justiça estadual ou a federal. Como não estava resolvido isso, os crimes prescreviam e não eram julgados. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal, no final de 2007, concluiu-se que os crimes seriam julgados pela Justiça Federal. Nós acreditamos que o aumento de ações condenatórias possa indicar uma tendência de dinamização deste processo", afirmou.

Perdas de US$ 20 bilhões

O relatório da OIT sugere que o mundo perde mais de US$ 20 bilhões, o equivalente a mais de R$ 40 bilhões, em salários não-pagos, horas extras que não são remuneradas e outras deduções trabalhistas.

A agência da ONU informou que a Ásia é a região do mundo com o maior número de casos de trabalho forçado, seguida da América Latina e da África Subsaariana.

Segundo o relatório, mais de 12 milhões de pessoas eram vítimas da prática no continente em 2005.

Para a OIT, o problema na África seria reflexo de uma longa história de discriminação contra os considerados mais fracos e ainda um legado de escravatura.

*Apresentação: Eduardo Costa, da Rádio ONU em Nova York.