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Migração é tema na Conferência das Cidades

Migração é tema na Conferência das Cidades

UN-Habitat aponta diferenças no processo migratório entre África, Ásia, América Latina e Caribe.

Monica Valéria Grayley, enviada especial da Rádio ONU a Porto Alegre,*

O Centro das Nações Unidas para Assentamentos Urbanos, UN-Habitat, afirma que a migração interna na África e Ásia é diferente da que ocorre na América Latina e Caribe.

As conseqüências do processo migratório estão sendo debatidas na Conferência Mundial de Desenvolvimento de Cidades, que acontece em Porto Alegre.

De acordo com o UN-Habitat, na América Latina e Caribe, a população está deixando os grandes centros, em busca de qualidade de vida em cidades de menor porte.

Já nos países africanos e asiáticos, as pessoas saem do campo para as grandes cidades.

O funcionário-sênior do UN-Habitat para a América Latina e Caribe, Alberto Paranhos, falou à Rádio ONU, em Porto Alegre, sobre o assunto.

Redistribuição

"O que está acontecendo na realidade é uma redistribuição da população dentro dos urbanos. O pessoal já saiu do rural, foi para a periferia das grandes metrópoles e agora está buscando uma cidade intermédia, uma cidade menor. Mas a pessoa fisicamente já se urbanizou, não é mais um habitante rural na periferia urbana. Ela é uma pessoa urbana, precária, que quer uma qualidade de vida que não encontra mais no rural e não tem acesso na cidade grande. Quando ela volta à cidade média, ela encontra uma cidade que não está preparada para esse tipo de demanda, tanto quantitativa quanto qualitativa", disse.

Paranhos acredita que a tendência migratória pode agravar problemas como o desemprego.

"As únicas soluções possíveis são primeiro ter um enfoque regional e não mais só urbano. Pegar uma micro-região onde há um pólo, as suas redes-satélites menores e uma área rural, e conciliar essa lógica territorial com uma lógica econômica. Não adianta uma pessoa não ter trabalho na cidade grande nem na cidade média, nem na cidade pequena, porque o problema dela é de ingresso. Ela deve ter trabalho e renda, senão não conseguirá fazer nada em lugar nenhum", disse.

Políticas comuns

Ele afirma que a solução depende de políticas comuns em todas as esferas de governo.

"Um governo de Estado, um governo federal nacional ter uma política real, territorial de redistribuição da população e conciliar isso com o seu interesse de desenvolvimento econômico. E vamos colocar isso dentro de uma lógica de poder oferecer oportunidades de democratização desse acesso e não de acumulação de mais riquezas em determinado território ou grupo setoriais ou econômicos", disse.

Alberto Paranhos será um dos palestrantes sobre Pequenos Municípios e os Objetivos do Milênio, nesta sexta-feira, na Conferência Mundial de Desenvolvimento de Cidades.

*Apresentação: Marco Alfaro