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Onda de ataques russos aumenta em 26% número de vítimas civis na Ucrânia

Equipes de resgate trabalham em um prédio em Kiev, danificado por bombardeios
Unicef/Aleksey Filippov
Equipes de resgate trabalham em um prédio em Kiev, danificado por bombardeios

Onda de ataques russos aumenta em 26% número de vítimas civis na Ucrânia

Paz e segurança

Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU confirma 592 civis mortos ou feridos apenas em dezembro; número real pode ser ainda maior; explosões violentas causadas por mísseis e drones afetam todas as regiões do país.

Nas últimas semanas, houve um aumento acentuado de vítimas civis, na sequência da intensificação de ataques pela Rússia com mísseis e drones em toda a Ucrânia.

Segundo a Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, em apenas 10 dias, entre 29 de dezembro de 2023 e 8 de janeiro de 2024, centenas de civis foram mortos ou feridos.

Interrupção violenta da tendência de queda

Em relatório divulgado nesta terça-feira, a missão observa um aumento de 26% nas vítimas civis verificadas em dezembro em comparação com novembro, uma reversão alarmante de uma tendência de queda observada no início de 2023. 

Os dados apontam 592 mortos ou feridos apenas em dezembro. O aumento real é provavelmente maior, já que alguns relatos de vítimas ainda não foram verificados.

A chefe da Missão de Monitoramento da ONU, Danielle Bell, disse que "as vítimas civis vinham diminuindo constantemente em 2023, mas a onda de ataques no final de dezembro e início de janeiro interrompeu violentamente essa tendência".

De acordo com ela, "esses ataques semeiam morte e destruição sobre os civis da Ucrânia, que sofrem perdas profundas com a invasão em grande escala da Rússia há quase dois anos".

Cidades em toda a Ucrânia, incluindo Dnipro, foram fortemente bombardeadas durante o período festivo
Ocha/Oleksii Holenkov

Ataques com mísseis e drones por todo o país

A recente onda de ataques começou em 29 de dezembro, com mísseis e drones atingindo áreas povoadas em toda a Ucrânia. Os episódios com maior número de vítimas civis ocorreram naquela data e no dia 2 de janeiro.

Paralelamente, ataques com mísseis e drones mataram civis em todo o país também em outros dias.

Em 6 de janeiro, por exemplo, um ataque com mísseis russos contra a pequena cidade de Pokrovsk e a vila vizinha de Rivne, localizada a uma distância relativamente curta da linha de frente. O ato deixou duas famílias, seis adultos e cinco crianças, soterradas nos escombros quando suas casas foram atingidas. 

Apesar de um esforço de resgate e recuperação de dias, alguns dos corpos ainda estão desaparecidos. Em um ataque separado apenas dois dias depois em Novomoskovsk, a onda de explosão de um ataque com mísseis russos feriu 31 civis, incluindo oito passageiros de um micro-ônibus que foi destruído durante o trajeto matinal.

Temperaturas congelantes

Os recentes ataques ocorrem num momento em que as temperaturas em toda a Ucrânia caíram drasticamente com a chegada do clima extremamente frio, tornando a situação já difícil ainda mais complicada para civis vulneráveis. 

Em Dnipro, uma mulher de 81 anos cujo apartamento foi destruído por um ataque de drone russo em 6 de janeiro disse à Missão da ONU que não sabia como sobreviveria ao inverno.

Os ataques também deixaram quatro instituições de ensino destruídas e 16 danificadas, e atingiram parcialmente cinco unidades de saúde.