Unicef: nos últimos 18 meses, houve 315 mil violações graves contra crianças
Números foram verificados pelas Nações Unidas; pelo menos120 menores foram mutilados ou mortos por guerras desde 2005 ao redor do globo; uma média de 20 por dia; este 4 de junho foi marcado o Dia Internacional de Crianças Inocentes Vítimas de Agressão.
Entre 2005 e 2022, o mundo registrou 315 mil violações graves contra crianças em áreas de conflito. Para a ONU, que verificou cada incidente, este é um forte exemplo do impacto arrasador que as guerras têm sobre os menores.
Num relatório, divulgado nesta segunda-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, diz que as crianças foram vítimas em mais de 30 conflitos na África, na Ásia, no Oriente Médio e na América Latina.
Ataques a escolas e hospitais
O documento, publicado em Oslo e Nova Iorque, revela que mais de 120 mil menores foram mutilados ou mortos e pelo menos 105 mil foram recrutados e usados por forças armadas e grupos armados.
![Crianças dormem em mesquita no distrito de Al-Midan, em Aleppo, Síria Crianças dormem em mesquita no distrito de Al-Midan, em Aleppo, Síria](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/Libraries/Production%20Library/14-02-2023-UNHCR-Syria-earthquake-02.jpg/image1170x530cropped.jpg)
A lista inclui mais de 32,5 mil sequestros de crianças e mais de 16 mil casos de violência sexual contra menores.
O relatório foi divulgado para coincidir com o Dia Internacional de Crianças Inocentes Vítimas de Agressão, neste 4 de junho, e com a Conferência do Governo da Noruega, das entidades Save the Children e a Organização Internacional da Cruz Vermelha, União Africana e várias partes das Nações Unidas.
Ao todo, a ONU verificou mais de 16 mil ataques a escolas e hospitais e outros 22 mil incidentes de negação de ajuda humanitária a crianças.
Para a organização, o número real deve ser ainda maior. Milhões de crianças foram obrigadas a fugir de suas casas e comunidades, perderam amigos e familiares ou que foram separadas dos pais ou cuidadores.
Guerra contra as crianças
A diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell, disse para a criança, estar exposta a um conflito é uma catástrofe. Qualquer guerra é uma guerra contra as crianças.
![As crianças de Hesbi, no sul do Líbano, enfrentam a falta de serviços essenciais, incluindo água e educação. As crianças de Hesbi, no sul do Líbano, enfrentam a falta de serviços essenciais, incluindo água e educação.](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/Libraries/Production%20Library/19-01-2023_UNICEF_Lebanon.jpg/image1170x530cropped.jpg)
Segundo ela, o mundo não está fazendo o suficiente para proteger os menores em áreas de conflitos.
A chefe do Unicef afirmou que as crianças não podem pagar o preço de uma guerra que é dos adultos.
No ano passado, o Unicef trabalhou com 12,5 mil crianças que saíram de grupos armados e das forças armadas e foram reintegradas à sociedade.
Leis internacionais
Uma nova análise do Unicef, da entidade Save the Children e da Aliança para Proteção da Crianças em Ação Humanitária, entre outros, revela que o setor de proteção infantil deve precisar de mais de US$ 1 bilhão aumentando para US 1,37 bilhão em 2026 para proteger as necessidades dos menores em conflitos armados.
O Unicef pediu aos governos que se comprometam com leis internacionais para proteger crianças, escolas, hospitais além de instalações de água e saneamento.
A agência também pediu às autoridades que levem os autores de agressões contra crianças à justiça.