Produção de ópio no Afeganistão aumenta 43%, revela Unodc
Pesquisa do Ministério de Controle de Narcóticos e agência da ONU destaca 4,8 mil toneladas produzidas neste ano; crescimento reverte esforços para combater problema das drogas no país.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
O Ministério de Controle de Narcóticos do Afeganistão e o Escritório da ONU sobre Drogras e Crime, Unodc, divulgaram esta segunda-feira os resultados da pesquisa sobre ópio.
A produção de ópio subiu 43% este ano, na comparação com os níveis de 2015. Foram produzidas 4,8 mil toneladas de ópio. A área de cultivo da papoula, planta de onde se extrai o ópio, aumentou 10%, chegando a 201 mil hectares.
Retrocesso
O diretor-executivo do Unodc, Yury Fedotov, afirmou que o novo relatório mostra um “retrocesso preocupante nos esforços para combater as drogas ilícitas” no Afeganistão e os impactos para o desenvolvimento e a segurança do país.
A alta na produção pode ser explicada pelo aumento na área de cultivo da papoula e pelo maior rendimento por hectares. No oeste do país, a média de produção por hectare subiu 37% e no sul, 36%.
Em relação à erradicação do plantio de papoula, foram 355 hectares destruídos este ano, uma queda de 91% em relação ao ano passado, quando 3,7 mil hectares foram erradicados.
Dependentes
O diretor do Unodc declarou que nenhum resultado da pesquisa é positivo e indica o nível da ameaça enfrentada pelo Afeganistão e pela comunidade internacional.
Fedotov destaca que o próprio Afeganistão é o primeiro entre tantas vítimas de uma droga destruidora. Segundo ele, os afegãos sofrem níveis arrasadores de dependência de drogas, de instabilidade e de insegurança.
O chefe do Escritório da ONU lembra que o dinheiro obtido com a produção e venda de drogas “alimenta o terrorismo e a corrupção”. Yury Fedotov faz um apelo à comunidade internacional pelo reforço da cooperação com o país. O compromisso político nacional também é essencial para reverter o quadro.
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