ONU condena tentativa de assassinato de ativista no Burundi
Pierre Claver Mbonimpa foi alvejado a tiros por desconhecidos na segunda-feira; secretário-geral deplora "padrão crescente de violência politicamente motivada"; escritório condena prisão e brutalização de jornalista da RFI e AFP.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O secretário-geral, Ban Ki-moon, condenou vigorosamente a tentativa de assassinato de um proeminente ativista de direitos humanos no Burundi na noite de segunda-feira.
Pierre Claver Mbonimpa foi ferido após ser baleado por desconhecidos em Bujumbura. Em nota, o chefe da ONU considerou "muito grave" o ataque.
Moto
O Escritório da ONU dos Direitos Humanos revela, em nota separada, que Mbonimpa foi alvejado quatro vezes, incluindo no pescoço. Dois atacantes dispararam contra a moto em que a vítima seguia a caminho da sua casa.
Ban desejou uma recuperação total e rápida do ativista e pediu uma investigação rápida e transparente para que os responsáveis do crime sejam levados à justiça.
Padrão
Ban disse que o incidente faz parte de um "padrão crescente de violência politicamente motivada", que deve ser interrompida antes que piore e fique fora de controlo. No domingo, foi assassinado o general Adolphe Nshimirimana.
Para o secretário-geral, a melhor resposta a tais tentativas de desestabilizar o Burundi é a responsabilização e a retomada de um diálogo político genuíno e inclusivo.
Jornalista Atacado
Entretanto, o Escritório de Direitos Humanos também pediu "investigações imediatas, transparentes e exaustivas" das autoridades a um "incidente grave" contra um jornalista e que estas garantam a prestação de contas dos responsáveis.
No domingo, o correspondente da RFI e da AFP, Esdras Ndikumana, foi preso e brutalizado por elementos da agência de inteligência burundesa. Ele tirava fotos no local da morte do general Nshimirimana.
Trauma
O profissional teria sido torturado sob alegações de ser um " jornalista inimigo" na sede da agência em Bujumbura. Ele está sob cuidados médicos com "um dedo partido e trauma psicológico".
A entidade declara que a impunidade dos autores de violações dos direitos humanos deve acabar. O escritório também revela preocupação com o grande número de detenções arbitrárias nos últimos meses.
Mais de 600 pessoas estão presas sem acusação desde abril. Após visitas regulares aos locais de detenção, o escritório disse ter documentado mais de 40 casos de tortura e de maus-tratos.
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