“Mundo vive onda de crises relacionadas à água”, diz vice-chefe da ONU
Jan Eliasson falou na Cúpula Mundial da Água, em Londres, nesta quinta-feira; o vice secretário-geral afirmou que “mudanças demográficas e práticas económicas insustentáveis estão a afetar quantidade e qualidade da água”.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.
O vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, afirmou que o “mundo hoje está passando por uma onda de crises relacionadas à água”.
A declaração foi feita nesta quinta-feira, em Londres, na Cúpula Mundial da Água.
Mudança Climática
O vice de Ban Ki-moon afirmou que as mudanças climáticas estão se manifestando através de “tempestades mais frequentes e intensas, e cheias e secas mais destrutivas”.
Mudanças demográficas e práticas económicas insustentáveis estariam a afetar quantidade e qualidade da água. Ele afirmou ainda que a rápida urbanização está a criar grande pressão no uso de água e infraestrutura. Estas mudanças tornariam o recurso cada vez mais escasso e caro.
Segundo Eliasson, estimativas são de que a demanda por água deve crescer mais de 40% até 2050 e que 1,8 bilhão de pessoas devem em breve viver em países ou regiões com escassez do recurso.
No entanto, o vice-secretário-geral afirmou que graças à mobilização por trás dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio do ano 2000, 2 bilhões de pessoas se beneficiaram do acesso a fontes de água melhoradas.
Saneamento
Ele declarou que cerca de 80% da água no mundo é descartada de forma não tratada em oceanos, rios e lagos. Quase 2 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade morrem a cada ano por falta de água limpa e “saneamento decente”. Cerca de 2,5 milhões de pessoas não têm saneamento apropriado.
Eliasson mencionou o chamado à ação que fez ano passado sobre o assunto e apelou ao setor privado que participe ativamente do Pacto Global da ONU, que ele disse ser “a principal iniciativa de sustentabilidade corporativa” da organização.
Conflitos
Segundo o vice-secretário-geral, acesso reduzido à água, “causado por mudanças climáticas ou pressões populacionais, têm o risco de criar tensões sociais, instabilidade política e fluxos de refugiados mais intenso”.
Ele mencionou exemplos durante o conflito de Darfur, no Sudão, e no Iraque, onde o Daesh, denominação em árabe para o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, “explorou acesso a água para expandir seu controle sobre o território e subjugar a população”.
Cooperação
Jan Eliasson declarou também que a água “pode e deve impulsionar a cooperação e resolução de conflitos” e que 90% da população do mundo vive em países que compartilham “bacias de rios e lagos”. Ele mencionou o exemplo de cooperação entre os países da bacia do lago Chade.
O vice-secretário-geral declarou ainda que a ONU reconhece que o acesso à água é essencial para a realização de todos os direitos humanos. Ele afirmou que é preciso haver “parcerias globais” e que “nenhum governo pode implementar a agenda da água sozinho”. Ele enfatizou ser necessária “mobilização de ação dos Estados-membros através das Nações Unidas”.