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Desastres custam ao mundo até US$ 300 bilhões ao ano em perdas BR

Imagem: OMM

Desastres custam ao mundo até US$ 300 bilhões ao ano em perdas

Informação está em relatório sobre redução do Risco de Desastres; 3ª Conferência Mundial da ONU sobre o tema começa dia 14 de março, em Sendai, no Japão; Brasil é citado pelo “desenvolvimento urbano desigual”.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.

A cada ano, desastres custam ao mundo, em média, entre US$ 250 bilhões e US$ 300 bilhões, em perdas. O valor equivale a cerca de R$ 725 bilhões a R$ 870 bilhões.

A informação está no Relatório de Avaliação Global 2015 sobre Redução do Risco de Desastres, lançado nesta quarta-feira.

Pobres

Durante o evento, o secretário-geral da ONU afirmou que este valor “afeta a habilidade de governos de fornecer serviços básicos” e “desvia fundos de infraestrutura fundamental”, além de impactar de forma negativa negócios e empregos.

Segundo Ban Ki-moon, “os mais pobres são os mais atingidos” quando ocorrem catástrofes.

Brasil

O Brasil é citado diversas vezes no relatório. Uma das questões mencionandas é o “desenvolvimento urbano desigual” através dos anos e a especulação imobiliária.

O documento menciona uma “construção social do risco de desastre ao longo do tempo”. Segundo a publicação, diversas áreas metropolitanas no Brasil, incluindo Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo têm mais de um milhão de moradias informais. Destas, quase 60% estão localizadas em encostas.

O relatório menciona que em janeiro de 2011, no Rio de Janeiro, enchentes e deslizamentos de terra causaram mais de 900 mortes. Mais de 300 mil pessoas foram diretamente afetadas em apenas sete municípios e as perdas econômicas chegaram a US$ 1,8 bilhão, ou cerca de R$ 5,2 bilhões.

Segundo o documento, isto mudou a forma como o Brasil agora aborda a questão da redução do risco de desastres e citou a criação do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, Cemaden.

Mortes

Ban Ki-moon afirmou ainda que os desastres naturais causam mais mortes em países pobres: nações de rendas baixa e média sofrem quase 90% das fatalidades. Ban afirmou que esse é o momento de agir e que a redução do risco de desastres salva vidas e reduz perdas.

O secretário-geral saudou o enfoque do relatório em “tornar o desenvolvimento sustentável”. Segundo ele, o documento mostra como o investimento na prevenção dos riscos gera altos dividendos e salva vidas, além de traçar um caminho para um futuro mais resiliente nesta questão.

Conferência Mundial

O chefe da ONU destacou a 3ª Conferência Mundial da ONU sobre Redução de Risco de Desastres que começa em 14 de março em Sendai, no Japão.

Segundo Ban, “sustentabilidade começa em Sendai” e esta é uma “jornada para alcançar uma vida de dignidade para todos”.

O secretário-geral mencionou ainda outros eventos que acontecem este ano. Ele citou conferência de financiamento para o desenvolvimento, em julho, em Adis Abeba; disse que em setembro líderes mundiais se reunirão em Nova York para adotar a agenda pós-2015 de desenvolvimento sustentável e falou que o ano deve terminar em dezembro, em Paris, com um “novo e significativo acordo universal sobre clima”.

Mudança Climática

Segundo o relatório lançado nesta quarta-feira, em muitos países as mudanças climáticas estão aumentando os riscos e o custo dos desastres.

No Caribe, por exemplo, a projeção é de que a média anual de perdas associadas com ciclones tropicais suba até US$ 1,4 bilhão, ou o equivalente a cerca de R$ 4 bilhões, até 2050.

Para pequenos Estados insulares em desenvolvimento, as perdas futuras esperadas por conta de desastres não são apenas muito altas, mas representariam uma ameaça existencial. Ao mesmo tempo, secas causadas pela mudança climática estão afetando a produção de milho em países como Malaui, Níger e Quênia. O Produto Interno Bruto, PIB, destas nações depende da agricultura.

Investimento

De acordo com o relatório, um investimento global anual de US$ 6 bilhões, ou cerca de R$ 17 bilhões, em estratégias de gestão de risco de desastres poderia gerar benefícios de US$ 360 bilhões em termos de redução de riscos.

Segundo o documento, “para muitos países, um pequeno investimento adicional pode fazer uma diferença crucial na realização das metas nacionais e internacionais de erradicação da pobreza, melhora na saúde e educação e garantia de um crescimento sustentável e equitativo”.

O documento destaca que mais preciso ser feito em termos de prevenção e para incorporar a redução do risco de desastres na agenda de desenvolvimento pós-2015.

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