Mediterrâneo: 500 migrantes “podem ter sido afogados de propósito”
OIM diz que investiga incidente ocorrido na semana passada; agência diz que número de mortes já é mais de quatro vezes superior ao de 2013.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque*.
A Organização Internacional para Migrações, OIM, anunciou esta terça-feira que está a investigar um acidente em que 500 imigrantes morreram afogados no Mediterrâneo quando o navio em que seguiam “teria sido deliberadamente afundado”.
Do incidente, ocorrido na semana passada, dois sobreviventes palestinos provenientes da Faixa de Gaza foram entrevistados pela polícia italiana e a agência da ONU.
Contrabandistas
Além de contarem “experiências angustiantes” no barco, estes declararam que a embarcação superlotada teria sido afundada por contrabandistas enfurecidos.
A medida teria sido na sequência da recusa dos ocupantes em se transferirem para uma embarcação com menos condições para navegar. De acordo com a OIM, ainda não há informação sobre a identidade dos contrabandistas.
Entretanto, nesta terça-feira, a equipa da OIM disse ter tido acesso a seis sobreviventes resgatados por um navio mercante de bandeira britânica que foram levados para a Grécia.
Três corpos
Autoridades gregas, italianas e maltesas confirmaram à OIM que salvaram mais oito migrantes e descobriram três corpos no navio.
O número de mortes confirmadas este ano já atingiu 3 mil, considerado mais de quatro vezes superior ao de 2013.
A OIM disse ter conhecimento de um barco afundado que resultou em mortes na Líbia, sem ter, entretanto, números exatos de vítimas.
A agência disse não ter informações sobre 36 sobreviventes e 160 desaparecidos num dos três acidentes ocorridas ao largo da costa líbia.
A agência alerta que o total anual de vítimas até agora foi o maior de que há registo.
No ano passado morreram 700 migrantes, mais 200 que em 2012. Em 2011, houve 2,3 mil mortes.
* Apresentação: Laura Gelbert.