Resposta humanitária diminuiu situação de fome no Sudão do Sul
Governo e agências da ONU alertam, entretanto, que sem maior assistência o país pode retornar rapidamente ao estado de fome; conflito, preços dos alimentos e poucas colheitas aumentam insegurança alimentar.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
A dimensão da resposta humanitária no Sudão do Sul diminuiu a fome mas a situação continua grave, revela uma análise divulgada esta quarta-feira.
Depois de a fome ter sido declarada em fevereiro no antigo estado da Unidade, em Leer e Mayandit a situação já não se verifica. Nos municípios de Koch e Panyijiar, que eram então considerados de risco, a situação foi evitada com a ajuda imediata e sustentada.
Insegurança
O estudo revela entretanto que desde fevereiro o número de pessoas sem comida suficiente subiu de 4,9 milhões para 6 milhões. O mais novo país do mundo regista o nível de insegurança alimentar mais alto jamais vivido.
Falando da capital sul-sudanesa, Juba, o representante da FAO no país, Serge Tissot, alertou que este ano o país terá poucas colheitas e a situação de carência alimentar que deve continuar.
O representante contou que sem uma grande assistência humanitária o país vai voltar rapidamente a enfrentar fome. Para Tissot, também é importante saber que a crise não vai terminar cedo com o conflito ainda a atingir as áreas de maior produção e muitos produtores a viver em acampamentos de deslocados.
Assistência
A Classificação Integrada da Segurança Alimentar envolveu o governo, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, e o Programa Mundial de Alimentação, PMA.
O estudo explica, entretanto, que 45 mil pessoas no antigo estado de Unidade e Jonglei ainda enfrentam “condições catastróficas” e poderá haver fome se não for mantida a assistência humanitária.
O diretor de emergências da FAO, Dominique Burgeon, disse que a única maneira de parar a situação de desespero é cessar o conflito, garantir acesso sem obstáculos e permitir que as pessoas retomem os meios de subsistência”.
Fatores
As três agências da ONU alertaram que os ganhos obtidos nos focos de fome não devem ser perdidos. A capacidade de alimentação foi severamente prejudicada e os alimentos de emergência devem continuar para evitar a fome.
Os níveis de desnutrição aguda continuam acima do limite de emergência de 15% definido pela Organização Mundial de Saúde. O pico de 26,1% regista-se em Duk, no estado de Jonglei.
A previsão é que a situação piore em julho, na época do ano em que os suprimentos alimentares geralmente se esgotam antes da safra seguinte.
O estudo também aponta o aumento dos preços dos alimentos e os efeitos da estação de abastecimento como fatores por detrás da insegurança alimentar no Sudão do Sul.