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Sudão do Sul: “nenhuma parte do país está imune ao conflito”

Sudão do Sul: “nenhuma parte do país está imune ao conflito”

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Ao Conselho de Segurança, chefe da Missão da ONU no país disse que situação econômica, humanitária e de segurança piorou de forma significativa desde o ano passado; Unmiss está protegendo diretamente mais de 220 mil civis em seis diferentes localidades.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

O processo político no Sudão do Sul não está morto, mas precisa de “significativa reanimação”, disse nesta terça-feira o representante especial do secretário-geral no país, David Shearer.

Ao Conselho de Segurança, Shearer, que também é chefe da Missão da ONU no país, Unmiss, afirmou que “infelizmente, nenhuma parte mostrou interesse em reavivar o Acordo de Paz”, em referência ao tratado de 2015 entre os lados em conflito no país.

Piora

Apesar do acordo, o Sudão do Sul retornou ao conflito devido a novos combates entre forças rivais: o Exército de Libertação do Povo do Sudão, Spla, leal ao presidente Salva Kiir, e o Spla na Oposição, que apoia o ex-primeiro vice-presidente, Riek Machar.

Segundo Shearer, desde o ano passado a situação econômica, humanitária e de segurança piorou de forma significativa.

Ele afirmou que “praticamente nenhuma parte do país está imune ao conflito e, no entanto, não houve um nenhum esforço combinado de nenhuma das partes para aderir a um cessar-fogo”.

Proteção de civis

De acordo com o chefe da Missão da ONU, ao contrário, no último mês viu-se uma intensificação do conflito. Devido a esta escalada, ele afirmou que a Unmiss intensificou suas atividades de proteção, com mais patrulhas nas áreas mais afetadas pelos combates.

Shearer declarou que, atualmente, a Missão da ONU protege diretamente mais de 220 mil civis em seis diferentes localidades no país. Ele ressaltou que o maior desses locais, em Bentiu, com 125 mil pessoas, é a segunda maior área urbana no Sudão do Sul.

O representante do secretário-geral disse não ter dúvidas de que “milhares de civis não estariam vivos hoje” se a Unsmiss não estivesse presente no país.

Ele defendeu que “agora, mais do que nunca, 12 mil boinas azúis e 2 mil policiais da ONU são vitais para proteger civis”.

Processo político

Segundo Shearer, para o Sudão do Sul, “uma solução política é o único caminho a seguir, apesar do que parecem ser tentativas das partes de vencer através de meios militares”.

O chefe da Unmiss afirmou ainda que para criar vontade política para que os envolvidos parem com os combates e construam a paz, a comunidade internacional precisa falar em uma só voz.

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Condições das moradias no Acampamento da ONU para a Proteção de Civis em Malakal, no Sudão do Sul. Foto: OIM/Bannon