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Acnur abre novo campo com aumento do deslocamento do oeste de Mossul

Acnur abre novo campo com aumento do deslocamento do oeste de Mossul

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Acampamento irá abrigar milhares de iraquianos que continuam a fugir da ofensiva militar na cidade; região é alvo de operação do exército para retomar local do controle do grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.*

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, abriu um novo campo para abrigar milhares de iraquianos que continuam a fugir da ofensiva militar no oeste da cidade de Mossul.

As primeiras 500 famílias recém-deslocadas começaram a chegar no novo acampamento em Hammam al-Alil nesta quarta-feira. O local está situado a 25 quilômetros ao sul de Mossul.

Ofensiva militar

Esta parte da cidade é alvo de uma ofensiva militar do exército iraquiano para resgatar o local do controle do grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil. A operação ocorre após a liberação do leste de Mossul pelos militares iraquianos.

Segundo o Acnur, no novo campo, cada família, dependendo de seu tamanho, receberá uma tenda e outros itens básicos, incluindo cobertores, colchonetes e itens para cozinhar.

Até o momento, 2,5 mil tendas estão prontas com espaço para abrigar mais de 15 mil indivíduos. Uma segunda fase do acampamento está prestes a ser concluída e o local terá uma capacidade total para até 30 mil pessoas.

Medo e fome

Kathe Awad Taha fugiu da área de Badoush no Oeste de Mossul porque, segundo ela, a “vida estava ficando muito difícil, especialmente porque a comida estava acabando”.

Com cerca de 60 anos e mãe de três filhos cegos, Taha afirmou que só havia trigo e farinha para comer. Ela chegou ao campo de Hammam al-Alil 2 na manhã desta quarta-feira após a família ter deixado sua aldeia às sete horas da noite e andado por quase seis horas “com medo e fome”.

Usama, seu filho mais velho, afirmou que “toda a família teria sido decapitada” se tivesse sigo pega durante a fuga.

Fuga

De acordo com números do governo, mais de 400 mil pessoas saíram de Mossul e arredores desde o início da ofensiva militar em outubro do ano passado, incluindo 282 mil deslocados do oeste da cidade desde meados de fevereiro.

Estimativas são de que, desde então, 91 mil pessoas tenham retornado a suas áreas de origem. Famílias que fugiram do oeste de Mossul falam na piora das condições no local com a intensificação dos combates e “escassez extrema” de comida, combustível e água.

Abrigo

O novo campo, Hammam al-Alil 2, é um dos 11 que o Acnur abriu para responder à grande escala do deslocamento a partir de Mossul e arredores. Dois outros locais estão em construção.

Segundo o representante do Acnur no Iraque, Bruno Geddo, calcula-se que até meio milhão de pessoas possam ainda estar na área oeste da cidade e é possível que um grande fluxo de pessoas ainda fuja do local.

Geddo afirmou que a agência “está trabalhando 24 horas por dia para preparar mais campos e ter mais abrigos disponíveis para famílias que chegam exaustas, com fome, sede e frequentemente traumatizadas”.

*Apresentação: Michelle Alves de Lima.

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Criança deslocada do oeste de Mossul recebe cobertor do Acnur, entre outros itens, após chegar ao acampamento de Hammam al-Alil. Foto: Acnur