Perspectiva Global Reportagens Humanas

Unicef: é preciso continuar a luta para acabar com recrutamento de crianças

Unicef: é preciso continuar a luta para acabar com recrutamento de crianças

Baixar

Segundo agência da ONU, nos últimos 10 anos, mais de 65 mil menores foram libertados de forças e grupos armados, mas dezenas de milhares de meninos e meninas com menos de 18 anos continuam sendo usados em conflitos em todo o mundo.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

Nos últimos 10 anos, mais de 65 mil crianças foram libertadas de forças e grupos armados. No entanto, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, alertou que dezenas de milhares de meninos e meninas com menos de 18 anos continuam sendo usados em conflitos em todo o mundo.

Para o chefe do Unicef, Anthony Lake, não é apenas uma questão de olhar para o que já foi realizado, mas também para o trabalho que ainda precisa ser feito para apoiar crianças vivendo em situações de guerra.

Paris

Líderes mundiais estão reunidos na capital francesa para o aniversário dos Compromissos de Paris para acabar com o uso de crianças em conflito.

Adotados há 10 anos, os compromissos, princípios e diretrizes apontam orientações para proteção de crianças contra o recrutamento e uso ou forças ou grupos armados.

Os documentos também são voltados para assistência a sua libertação e reintegração.

Milhares de crianças

De acordo com o Unicef, dados exatos sobre o número de crianças usadas e recrutadas em conflito armado são difíceis de determinar devido à natureza ilegal do recrutamento de crianças.

No entanto, estimativas são de que dezenas de milhares de menores de 18 anos são usados em conflitos em todo o mundo.

Por exemplo, desde 2013, cerca de 17 mil crianças foram recrutadas no Sudão do Sul e até 10 mil na República Centro-Africana. Na Nigéria e em países vizinhos, aproximadamente 2 mil menores foram recrutados pelo grupo terrorista Boko Haram apenas no ano passado.

No Iêmen, houve cerca de 1,5 mil casos de recrutamento infantil desde a escalada do conflito em março de 2015.

Progresso

No entanto, também houve progressos: desde sua adoção, o número de países endossando os compromissos de Paris quase dobrou dos 58 em 2007 para os 105 atualmente. Para o Unicef, isso assinala um compromisso global crescente para acabar com o uso de menores em conflitos.

Em todo o mundo, mais de 65 mil crianças foram libertadas de forças e grupos armados, incluindo 20 mil na República Democrática do Congo, cerca de 9 mil na República Centro-Africana e mais de 1,6 mil menores no Chade.

Crianças refugiadas

Ainda assim, mais precisa ser feito. A conferência ministerial internacional sendo realizada em Paris sobre a proteção de crianças em conflitos armados está falando um apelo pela libertação incondicional de todos os menores, sem exceção, e o fim do recrutamento infantil.

A conferência também está pedindo mais recursos para ajudar a reintegrar e educar crianças que foram soltas e ação urgente para proteger crianças refugiadas, migrantes ou que estejam deslocadas dentro de seus países.

Lake ressaltou que “enquanto crianças continuarem sendo afetadas por combates, não se pode desistir da luta por elas”.

Notícias Relacionadas:

ONU comemora 20 anos protegendo crianças em conflitos armados

Missão da ONU na Somália engajada com o fim do uso de crianças-soldado

Darfur: ONU saúda grupo rebelde por proibir recrutamento e uso de crianças

 

Photo Credit
Um menino de 15 anos, ex-criança-soldado, em seu caminho para a escola no Sudão do Sul. (arquivo) Foto: Unicef/Ohanesian