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Ataques se intensificam em Alepo, e em toda a Síria 700 mil estão sob cerco

Ataques se intensificam em Alepo, e em toda a Síria 700 mil estão sob cerco

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Segundo o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, os estoques de comida estão acabando na cidade; mais de 20 mil pessoas ficaram desalojadas apenas nas últimas semanas.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários afirmou, esta terça-feira, que continua “extremamente preocupado com o destino dos civis” na cidade síria de Alepo.

Segundo Stephen O’Brien, os conflitos em terra estão mais intensos, além de bombardeios aéreos no leste da cidade que mataram vários civis. O representante da ONU destacou que nenhum hospital está funcionando e os estoques de comida estão praticamente no fim.

Mantimentos

Nas últimas semanas, mais de 20 mil pessoas ficaram desalojadas e de acordo com O’Brien, infraestruturas civis continuam sendo “destruídas de propósito em Alepo”.

O subsecretário-geral informa que o Crescente Vermelho Sírio e ONGs locais já começaram a ajudar os recém-deslocados. A ONU também está presente no terreno, sendo que já pré-posicionou mantimentos e está pronta para fornecer assistência imediata e auxiliar com a retirada de feridos.

Mutilações

O’Brien declarou que os lados em conflito na Síria continuam “mostrando o desejo de garantir vantagens militares, mesmo que isso signifique matar, mutilar e deixar os civis passando fome”.

Segundo ele, 700 mil civis estão sob cerco por toda a Síria, principalmente na área rural da capital Damasco. O’Brien faz um apelo para que “seja recuperado o básico da humanidade” no país.

Aos grupos em confronto, ele pede o fim do cerco, a garantia de que parem de atacar locais com civis e permitam o acesso de organizações humanitárias à região.

Direitos Humanos

Stephen O’Brien declarou que “o povo sírio já sofreu muito e por muito tempo” e acrescentou que mais do que tudo, ele espera uma “solução política o mais rápido possível, que leve esperança a milhões de famílias que estão famintas, doentes e temendo por suas vidas”.

Também nesta terça-feira, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos divulgou uma nota sobre os civis em Alepo. A equipe de Zeid Al Hussein recebeu relatos de grupos da oposição proibindo os moradores de deixar algumas áreas da cidade.

Além disso, civis que conseguem alcançar locais controlados pelo governo ou pelos curdos são acusados de terem conexão com grupos armados da oposição e alguns são presos.

O alto comissário explica que pela lei síria, apoiar grupos classificados pelo governo de “terroristas” é crime e essa lei tem sido usada para punir ativistas pacíficos e seus familiares.

Zeid Al Hussein pede respeito à lei humanitária internacional e lembra aos grupos armados da obrigação que têm de permitir que os civis fujam de áreas controladas.

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Photo Credit
Stephen O'Brien. Foto: ONU/Rick Bajorna